domingo, 12 de fevereiro de 2012

CARNAVAL 2012 - CIDADES DE BACO



RECIFE E OLINDA - O FEITIÇO DO MAIOR CARNAVAL DO PLANETA

Enfim, Carnaval! E se houvesse sinônimo apropriado para designar as cidades-gêmeas, este seria felicidade. Mas o problema é que Recife e Olinda não cabem em vocábulos. Não! E não precisa ser poeta para entender que apenas em rimas que exaltem belezas as deusas se revelam. Talvez a metáfora se aproprie no sentido de belas mulheres. E ainda que reducionista, o sentido simplista tomado no momento nos serve para evidenciar a complexidade de seus mistérios. Não falamos de simples e severas matronas, pois que ao contrário são amantes de Baco, que uma vez por ano as encharcam de prazer e odores. Por isso se enfeitam para se mostrarem nuas e exuberantes. Talvez nem sejam duas, mas apenas uma única cidade plural. Talvez nem sejam apenas mulher ou homem, mas também entidades. Talvez nem sejam apenas corpo ou sexo, mas também espaço que se completa e se complementa em corpulenta e graciosa majestade deitada em solo fértil. Independente do gênero é sabido que se ao ventre é permitido penetrar por rios, os seios ladeirados sobem aos céus para revelar imponência e soberania.


Não se afronta uma dona como Olinda, muito menos se ultraja uma deidade como Recife. Pois que são formosas, e por isso se permitem apenas a veneração. É preciso mais que magia para conquistá-las. É preciso encantamento. Ceder aos feitiços. Se ajoelhar e Implorar seu “Amparo” e “Misericórdia” para usufruir a “Boa Vista” ofertada. Apenas aos sábios é permitido bailar sobre suas curvas. Apenas aos belos é possível escalar seus relevos. E prá isso é preciso majestade, graciosidade e potência. Pois que não falamos de simples formas concretas, mas das duas mais lindas e encantadoras divindades que descansam etereamente nuas abaixo do equador, onde por natureza não pode existir pecados, faltas, culpas, maldades, lástimas e tristezas.

Aos desavisados é bom que se entenda: não se adentra Olinda ou Recife sem protocolos. No Reino de Momo é preciso se fazer animado. Por isso, fantasia é coisa séria, pois que rege a brincadeira e se transforma em passaporte ao jogo de sedução, onde seres mágicos se entregam ao deleite oferecido por Dionísio. E neste quesito se exige respeito e seriedade, pois que o traje precisa estar adequado e primoroso, condizente com o espírito. Um erro será fatal a quem deseja se enamorar nos dias de folia. É preciso que se entenda que carnaval em Pernambuco é multiculturalidade, e a isso se impõem diversidade, em gostos, gestos e tolerâncias. Acima de tudo se exige sabedoria, pois que tanto Recife como Olinda enganam e se camuflam. Um simples passo em falso e a brincadeira perderá o encanto para se transformar em aperreio e apuros. Por isso, como se diz no bom popular, “é preciso um olho no padre e outro na missa”.

RECIFE
Quem conhece nosso carnaval sabe que antes de disposição é preciso também saber onde se pisa. Estamos em solo sagrado, e por isso cheio de mistérios e proteções. E se as deusas são benévolas também se fazem caprichosas. Por isso, Recife e Olinda podem se mostrar implacáveis e perigosas, podendo se revelar furiosas diante de interesses descabidos e duvidosos. Aos adoradores de Baco, bem-vindos a maior festa popular do planeta. E que venham de peitos abertos à alegria e irreverência das cidades-gêmeas que transformam o carnaval pernambucano em uma grande orgia de som e de cor. A todos, bom carnaval.


OLINDA



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