sábado, 15 de março de 2014

CORRUPÇÃO, MENSALÃO, ELEIÇÃO E EDUCAÇÃO - VERGONHOSAS ABOMINAÇÕES BRASILEIRAS


A EDUCAÇÃO E A CORRUPÇÃO NO BRASIL

Enquanto José Dirceu e companhia comemora a absolvição do crime de formação de quadrilha no esquema do mensalão, uma professora declara que precisa utilizar os matos que rodeiam a unidade escolar, onde trabalha, por falta de banheiro. - Os garotos vão atrás da escola e as meninas utilizam o matinho. Nós também utilizamos o mato - Diz ela revelando a vergonha comum aos indignados e impotentes. Mas vergonha mesmo, não deveriam sentir todos nós brasileiros diante de tais situações de permissividade danosa e nefasta? Enquanto os corruptos do mensalão são beneficiados pelos conchavos políticos, os estudantes brasileiros são punidos e alienados de seus direitos básicos. Sem educação não há desenvolvimento. Sem educação não há consciência política e muito menos autonomia cidadã. Sem educação não se combate a corrupção. Disso, os políticos já sabem e se aproveitam. Mas, será que o mesmo é sabido pela população em geral?

A situação das escolas públicas no estado do Maranhão citada acima, não é menos degradante do que a vivenciada por professores e alunos do estado de Pernambuco. Apesar das campanhas panfletárias e politiqueiras que tentam camuflar uma situação que já ultrapassa os limites da tolerância e da vergonha, a escola pública continua abandonada e os alunos tratados como cidadãos de segunda classe. Enquanto os políticos corruptos envolvidos no maior escândalo de desvio de verbas para financiamento de campanhas políticas poderão em menos de um ano estar de volta a suas casas, em Jaboatão dos Guararapes, cidade vizinha de Recife, capital do Estado, crianças precisam ser carregadas nos braços para chegar às unidades de ensino devido às dificuldades de acesso. Na frente das escolas públicas do município, valas a céu aberto escoam o esgoto contaminado e fétido, comprometendo a saúde da população; enquanto no Brasil inteiro o dinheiro do cidadão escoa pelo ralo da roubalheira política.

Enquanto nas unidades de ensino fundamental a água da chuva alaga as ruas, abrindo crateras que se transformam em verdadeiras lagoas de lama; na Suprema Côrte, a sujeira e o lamaçal da corrupção se configuram na vergonhosa impunidade cotidiana. A água também invade as salas de aulas repletas de cadeiras quebradas e sem a mínima condição de conforto ou segurança. Nestas, os banheiros danificados, impróprios, imundos e emporcalhados, mais parecem cenários de filmes de terror; mas, no Complexo Prisional da Papuda, onde os mensaleiros passam férias, as instalações mais parecem com as de um hotel de luxo. Enquanto os espertos surrupiadores reclamam a falta de água quente nos chuveiros; crianças e adolescentes das escolas públicas bebem água contaminada em copos improvisados que compartilham entre si. Os próprios profissionais da educação do município de Jaboatão reconhecem e denunciam a procedência da água impura e perigosa, que diariamente é servida aos alunos que insistem em frequentar a escola. E para não se dizer que se trata de um caso isolado, em Petrolina, a Secretaria de Educação tentou evitar a exposição calamitosa e vergonhosa da educação pública municipal, trocando, às pressas, as cadeiras das salas de aula, três dias depois da reportagem do Fantástico, programa apresentado em nível nacional aos domingos pela Rede Globo.

Esses são apenas pequenos exemplos da situação caótica e abominável da educação pública no Brasil, e principalmente no Nordeste. Não sei se minha indignação é maior enquanto cidadão ou enquanto professor. Educação Básica de qualidade é direito fundamental, previsto na nossa Constituição Federal, Estatuto da Criança e Adolescente, além de constar como premissa e princípios fundamentais ao desenvolvimento saudável, seja em importantes acordos ou tratados internacionais. Mas nada disso parece suficientemente importante aos políticos, que ainda vêm no analfabetismo uma forma de controle do voto, e consequentemente do poder. Apesar da retórica politiqueira, o descompromisso e descaso com a educação é uma moléstia nacional. Uma praga que se alastra e se propaga por todas as regiões, estados e municípios. Educar para quê? Povo educado é povo esclarecido, autônomo e consciente de seus direitos. Povo educado não vota em bandido, corrupto ou demagogo. Povo educado vai às ruas e exige mudanças através das urnas. Povo educado derruba governos. Disso, os políticos corruptos já sabem e se aproveitam! Mas, será que o mesmo é sabido pela população em geral?

Igualdade de justiça também é um direito estabelecido pela Constituição Federal e em todos os códigos jurídicos. Mas quem acredita em sua prática? E em sua eficácia, neutralidade e imparcialidade? Quais exemplos temos tido como referência no país? Sem educação não existe justiça, isso é certo. Mas, sem justiça séria não existe educação de qualidade. E se no Brasil, a primeira não cumpre com seu papel fundamental, que é o da transparência e legitimidade, não se pode pensar em garantia de educação de qualidade para todos. Em um país onde a justiça é cega, não falando metaforicamente, a educação oferecida só reforça as desigualdades sociais e as exclusões. Reforça-se também, as vantagens dos apadrinhados, do corporativismo, da malandragem, da esperteza e do voto de cabresto.

Não é contraditório, por exemplo, distribuir tablets e enviar alunos ao exterior enquanto as escolas não cumprem com seu papel básico, que é o de ensinar e preparar o sujeito para o mundo? De que adianta tanta tecnologia moderna, exaustivamente divulgadas em propagandas eleitoreiras, se não é ensinado o exercício da reflexão e os princípios e direitos de cidadania? Nossa educação continua, mesmo depois da ditadura, única exclusivamente voltada ao preparo do aluno para o mundo do trabalho. Ainda não tem pretensões verdadeiras de educar o aluno para o desenvolvimento intelectual e pessoal. O foco é única e exclusivamente o mercado do trabalho, que exige cada vez mais qualificação, e logicamente o desenvolvimento de competências e habilidades, principalmente cognitivas, que vão muito mais além de saber escrever o nome, ou decorar que 2+2 é igual a 04. Para que servem Tablets e computadores de ultima geração em escolas que apenas produzem analfabetos funcionais? Também não é contraditório verificar que os próprios profissionais da educação não sabem utilizá-los? Também não se tornam motivos de gozação quando as escolas não dispõem de internet, fato bastante comum no interior e áreas rurais dos estados nordestinos? Mas se nas escolas falta acesso, na Papuda, os mensaleiros continuam se comunicando a vontade através dos recursos tecnológicos. Da mesma maneira que os traficantes continuam comandando seus negócios atrás das grades. Muitas vezes, esses mesmos recursos servem como moeda de troca para quem não tem o que comer em casa, e muito menos nas escolas, porque provavelmente a verba da merenda foi desviada. Também não é raro que professores repassarem seus equipamentos aos filhos, sobrinhos, netos, quando não os utilizam em escambos.

Em minha humilde concepção sociopolítica, o faz de conta é sempre tão abominável quanto o não fazer nada. O enganar é tão ou mais prejudicial do que negar. Neste cenário de mentiras e hipocrisias éticas e morais em que vivemos tirar de quem tem para favorecer os pobres seria até plausível, considerando as premissas hobinhoodianas. Mas, roubar de quem já não tem nada para favorecer e enriquecer quem já mama as custa de nossos altíssimos impostos, é no mínimo vergonhoso e abominável. É realmente ultrajante o descompromisso e ineficiência com que se administra e gere o dinheiro público no Brasil. A falta de vergonha na cara dos políticos corruptos é reflexo e resultado direto do péssimo nível de qualidade da educação brasileira, assim também como os são os sentimentos de inercia e a impotência da população diante dos sucessivos escândalos envolvendo desfalques nos cofres públicos. Sem educação de qualidade não há autonomia, muito menos intolerância aos descasos. Disso os políticos corruptos já sabem e se aproveitam. Mas será que o mesmo é sabido pela população em geral?

Negar direitos fundamentais ao desenvolvimento saudável da população é condenar milhões de pessoas ao atrofiamento intelectual. E isso não é menos terrível do que a tortura física, pois que se condena aos poucos a morte. E viva a ditadura da democracia atual! Viva a politicagem do Pão e Vinho! Viva a Copa do Mundo no Brasil! Corrupção 10 x 0 na educação! Mensaleiros, 10 x 0 na Justiça!

quinta-feira, 6 de março de 2014

O MAIOR CARNAVAL DO MUNDO


 
FINALMENTE ACABOU!

Era quarta-feira e faltavam três dias para a abertura oficial do carnaval quando grupos fantasiados começaram a se aglomerar em frente à velha Igreja da Imperatriz. Mulheres com vestidos vermelhos e azuis e com bordados dourados desfilavam sem pressa. Graciosas senhorinhas pareciam bailar indiferente a grande desorganização da cidade, que nunca se prepara para o grande baile popular. O saudosismo invadiu o ar e, logicamente, me contagiou por completo. Aos poucos a folia transformava a Praça Maciel Pinheiro em um grande palco a céu aberto. Soaram os clarins e em pouco tempo centenas de foliões abriam o cortejo pela Rua da Imperatriz. Uma vontade louca de chorar me invadiu o peito. O Bloco da Saudade mais uma vez me condizia pelas ruas de minha cidade. Ruas por onde passei em seguidos carnavais entoando os mais belos e antigos frevos canções, através dos quais sempre afirmei “que o Recife tem o carnaval do meu Brasil”. Em macha lenta cruzamos a ponte velha rumo ao bairro do Recife Antigo, onde nos perdemos na multidão.

Quinta-feira, uma volta pelas ladeiras ensolaradas de Olinda me revigorou. Como todo bom pernambucano, esperei um ano para cair na brincadeira, e finalmente havia chegado a hora. Uma tapioca no Alto da Sé, uma água de coco na Praça do Carmo, um almoço rápido. Um banho, um chapéu de palha e novamente a disposição para brincar o maior carnaval do mundo. O Bloco do Miolo Mole estava na Rua da Moeda fazendo suas palhaçadas magistrais. Caboclinhos atravessavam avenidas e os maracatus percussivos estrondavam nos becos. A multiculturalidade dava o tom da festa. Havia samba, havia cores, havia festa. A noite parecia sorrir enquanto a lua majestosa e prateada parecia impressa nas águas mansas dos rios que nos divide em ilhas, mas nunca nos separa. As mesmas águas que nos isolam nos unificam. Assim é o Recife, belamente poética e contraditória ao mesmo tempo.

Sexta-feira é dia do Galo cantar na Boa Vista. Ninguém dorme mais. Da Ponte Duarte Coelho, apesar dos atrapalhos da prefeitura, é sempre inegável sua imponência. A decoração acanhada e mal finalizada passaria despercebida. Não é a primeira vez que a gestão pública erra. Isso virou tradição! E quem precisaria de iluminação artificial quando se tem luz própria? E se o Pálio não veio, o camarote do Gilberto Gil invadiu quase toda a Avenida Guararapes. Qualquer dia não se tem mais espaço para brincar. Que diga o camarote da Rede Globo, que agora não só se apossa totalmente da Praça da República, como também invade parte da Avenida Dantas Barreto. Até parece que o carnaval de rua do Recife virou coisa exclusiva de rico. Será? O importante mesmo é que apesar do brilho do carnaval, que parece fazer-se por si mesmo, independente dos gostos ou [d]eficiência dos gestores, a cidade estava mais escura do nunca. E olha que o apagão nem chegou por aqui. Talvez a ordem fosse economizar pra não faltar, o que justificaria aproveitar a pífia iluminação do natal, que mais parecia restos de algo que não funcionou. Neste sentido, alguém pode explicar o que significava aquelas redes de pisca-pisca na Ponte Mauricio de Nassau? Penso que se a ideia era homenagear os pescadores da cidade, faltaram os peixes. Mas se as ruas estavam extremamente escuras, o céu se iluminou com a queima de fogos na abertura do Marco Zero. Disso ninguém pode reclamar. Só precisavam avisar ao apresentador a hora certa da contagem regressiva. Para não dar a nítida ideia da desorganização que se revelou insistente durante todo o período festivo.

Sábado de Zé Pereira, finalmente o Galo estava de pé chamando seu séquito de seguidores. As ruas fervilhavam sob um sol escaldante que não deu trégua. Na Avenida Dantas Barreto, a tranquilidade de um camarote simples me possibilitou ver o desfile de um anglo diferente. Diria mesmo que é algo inexplicável. O povo ri como bobo. As diferenças parecem amenizadas e todos se abraçam e festejam independentes de raça/etnia, credo, identidades ou condições socioeconômicas. É a democracia da diversidade que nos transforma em um grande bloco de brincantes inconsequentes. Essa é a ideologia do carnaval. É o escape popular. Outro banho. Troca-se a fantasia, mas não o desespero. É chegada a hora de lutar por um taxi que nos leve a Olinda. É noite do Afoxé Oxum Pandá no Largo do Guadalupe, e lá vamos nós de ladeira abaixo, e também acima, em um sobe e desce incessante e elétrico. O povo se espreme, o cortejo força passagem e tudo vira festa. Não há desavença, não há tempo para mal humor. A tarde cai, a noite chega e a multidão se mantém indolente. Ninguém descansa. É preciso fôlego para aguentar mais três dias. O carnaval está apenas começando.

No Domingo, uma Mínie abraçada a Mulher Maravilha, brinca com o Zorro e a La Ursa. Um grupo de melindrosas passa correndo em minha frente. Colegiais dançam ciranda no alto da Misericórdia. Super-Heróis se espalham enquanto passistas saltitantes bailam no ar. É preciso firmeza para não derrapar nas pedras escorregadias de Olinda. O ruge-ruge da multidão provoca o roça-roça, muitas vezes involuntário. A erotização está no ar. É Baco na festa da carne novamente. Mais uma tarde se vai e a desorganização do transito se mostra recorrente. Os taxistas escolhem passageiros. Ninguém entende nada. Anda-se quilómetros em busca de condução. No Pátio do Terço, novo desfile do Oxum Pandá. É o encontro dos Afoxés em homenagem a religiosidade africana. O ritual é solene e o ritmo contagia. A energia provoca certa espécie de transe e corpo se embala na música que mais parece um lamento. Uma passada rápida em casa. O banho de água fria revigora. À noite, o Recife ferve em polos espalhados. As tribos se concentram. A essa altura, uma mesa com cadeira é tudo o que se pede. Um caldinho de feijão para animar. Outro em seguida. Depois uma acarajé. A barriga estufa, avisando que é melhor se mover. Os pés doem, as pernas latejam, o corpo reclama, mas a loucura continua. Só faltam dois dias. O carnaval tá indo embora. Por fim, a madrugada insolente nos expulsa.

Segunda-feira a gripe ameaça, mas Olinda não espera, começa cedo. E lá vem ladeira. Uma subida na Sé para apreciar a Tapioca recheada da Paula, onde se bete o cartão. Na Rua do Amparo o Aloma Bar é retiro. A mulher da Vara passa arrastando multidão. Chega o Minhocão correndo ruas estreitas. Os Bonecos Gigantes pedem passagem e se engarrafa com o D`Brack. A confusão chega ao ápice. O frevo vence o Axé insistente que perde espaço nas ladeiras. Uma volta até a Bodega nos conduz ao Peeiro de Olinda, bloco puxado por duas travas seminuas. O bloco do Présal atravessa o caminho melando o povo. Em uma varanda dos Quatro Quantos uma senhora assiste a tudo ao lado de dois cachorros. Em outras, casais de beijam. É a danação da folia que parece não querer acabar.

Na Terça-feira, finalmente a festança anuncia o gran final. O corpo resmunga exigindo descanso, doe e fraqueja. A gripe toma conta. Ainda tem o show de Rita Ribeiro no Pátrio de São Pedro. Respira-se fundo e segue-se a multidão. A desorganização da a cara novamente e a frustração se revela na antecipação da atração. O jeito é seguir para o Recife Antigo. Uma caipirinha para ajudar no resfriado. Dizem que limão é bom para gripe. A essa altura o povo parece ensandecido. A cidade continua escura, mas ninguém liga. Quem precisa de decoração, de iluminação, de organização? O carnaval sobrevive às mediocridades e descompromissos das gestões. Afinal de contas: o carnaval é a gente que faz! Olho ao redor e tudo se mostra lírico. O carnaval mais belo do mundo! Os olhos lacrimejam, mas é hora de recolher o bloco! A quarta-feira de cinzas chegou, e como diz o velho frevo, realmente “é de fazer chorar, quando o dia amanhece e obriga o frevo a parar...”. Mas, para mim chega à boa hora. Que bom que terminou! Que bom que carnaval é apenas uma vez no ano. Que venha 2015!

sábado, 1 de março de 2014

MENSALÃO: A PALHAÇADA DA JUSTIÇA NA TERRA DO CARNAVAL


Quando o Crime Sempre Compensa!

Se os mensaleiros não formassem uma quadrilha de corruptos, bem poderiam passar por um bloco de carnaval. Enquanto o país se prepara para a maior festa do mundo, nossa justiça dá mostras de sua ineficiência e de seu descompromisso com as reivindicações populares. Aprovado pela Suprema Corte, os mensaleiros foram inocentados do crime de formação de quadrilha, pelo qual deveriam pagar suas penas em regime fechado, ou seja, atrás das grades, de onde, aliás, jamais deveriam sair. Contudo, com o julgamento dos embargos infringentes foi possível absorve-los de penas mais rígidas, e assim, permaneceram em regime semiaberto, o que lhes obriga apenas a dormir nos presídios. Isso significa que em pouquíssimo tempo estarão livres nas ruas novamente. Depois do cumprimento de um sexto da pena, poderão passar a cumprir as penas em casa. Seria realmente cômico se não fosse trágico, ou pelo menos estratégico. Aproveita-se o carnaval, onde a atenção das massas se distancia da política, para mais uma vez se fazer valer a lei da impunidade.

Isso revela um lado obscuro de nossa justiça, cultura e principalmente de nossa política, onde tudo parece terminar em pizza, ou melhor, em festa. É a repaginação da antiga pratica do pão e vinho para ludibriar a lei e enganar o povo. Ou seja, diversão e um pouco de ração para a multidão esquecer as mazelas e os padecimentos de um regime corrupto e cruel. Pena de um povo que se deixa enganar! Pior para um povo que não cumpre com seu papel de cidadão consciente e autônomo, capaz de exigir a aplicação da lei de igualdade de direitos para todos. Como bem disse Cristovan Buarque, em artigo publicado em jornal no inicio do ano, Feliz 2015, pois que 2014, já se perdeu. Em um ano de carnaval, copa do mundo e eleições presidenciais não sobra tempo para o exercício da cidadania e muito menos da consciência política. Que lástima! Que decepção!

Não nos resta outra coisa a não ser cair na folia e se embriagar na alienação momentânea do carnaval. Só lastimo pela ressaca moral no final da quarta-feira de cinzas! Porque cinza será também nosso futuro daqui para frente. Acho mesmo que vou me fantasiar de bandido. Daqueles com camisas listradas que faziam tanto sucesso nos filmes em preto e branco. No peito vou colocar o número do processo do mensalão e nas mãos vou carregar orgulhosamente uma placa comemorativa onde se poderá ler: “O Crime Compensa!”. Só assim o processo do mensalão terá servido para alguma coisa – fazer a população rir de se mesmo! Então vamos comemorar por que nos fazemos constantemente palhaços sem o menor constrangimento. Que toquem os clarins e finalmente os trombones anuncie que a zona geral está liberada. E que Baco nos proteja a todos, e de todos, pois que a justiça brasileira acabou de mostrar que nunca funcionou e que nunca nos representará verdadeiramente!

Bom carnaval para todos!