segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

VIAGEM AO VELHO MUNDO EM 20 DIAS - Capítulo IX

TORRE EIFFEL DE PARÍS

PARÍS: A CIDADE LUZ.

Segundo um grande e sábio amigo, “ninguém merece morrer sem conhecer París”, a capital francesa que se revela como uma bela e enigmática senhora. Uma espécie de deusa que se mostra sinuosa e cheia de segundas intensões. Sedutora e misteriosa, a cidade brilha e faz brilhar nossos olhos diante de magnifíca beleza. Facilmente nos tornamos presas. Ficamos enamorados, pois que París é magnética, e por isso, enfeitiça como uma velha serpente que preguisoçamente se fecha em forma de caracol para se esquentar. Ninguém conhece verdadeiramente París sem se deixar engolir, pois que suas víceras nos contam histórias. Das suas entranhas emergem os submundos comuns aos excluídos para tornar as margens de París não tão belas quanto as do Rio Sena.


TARDE AS MARGENS DO RIO SENA

Segundo alguns historiadores, o nome da cidade é de origem Celta, de um povo gaulês chamado outrora de Parisii, ou Parísios. Pouco se sabe de sua história antes da invasão romana, mas já no século XVII era considerada a capital da maior potencia política européia, tornando-se no século seguinte o centro cultural de toda Europa. O Iluminismo, caracterizado pela efervecência criativa deu-lhe o título de Cidade Luz. Hoje, a eterna Meca da Belle Époque é a cidade mais visitada do mundo devido ao acervo cultural e artistico. Porém, ainda na Idade Média a cidade torna-se sede do poder real. Inicia-se o Renascimento de París e florecem as artes, as letras, a música e principalmente a arquitetura. O convívio “passifico e hamonioso” entre a privilegiada burguesia e proletariado chega ao fim com a histórica revolução francesa, fazendo emergir das cinzas do império uma nova cidade industrial cheia de problemas sociais e instabilidade política que a caracteriza até os dias atuais. Após vencer a primeira guerra mundial a França vivencia um século de barbárie e o nazismo obscurece a cidade luz até o ano de 1944. Os estudantes voltam as ruas em 1968 provocando nova revolução que reclama soluções imediatas as taxas de desemprego e a marginalização dos imigrantes, atuais desafios da cidade implantada sobre o Sena.

PONTE ALEXANDRE III
Assim como Recife, París é formada por ilhas. Seu centro histórico estende-se pela île de la Cité, ao oeste, e pela île Saint-Louis ao leste. E assim como nosso Capibaribe, o Rio Sena não só divide ilhas mas também classes sociais. Desse modo em ambas, as águas não só separam vidas, mas também histórias. A París intra-muros estabeleceu-se no ano de 1844 e só dezesseis anos depois anexaram-se as comunas e bairros encerrados pela mesma muralha. Uma via expressa urbana com mais de 35 quilometros se estabelece como artificial fronteira. É o bulevar periférico que se interpõe entre a cidade e as comunas limítrofes, que absorvem a expansão demográfica provocada pelo êxodu rural. Como estratégia política a Grande París é subdividida em oito departamentos administrativos e atualmente 80% de sua população é classificada como suburbana.


VISTA DO RIO SENA - CENTRO HISTÓRICO DE PARÍS

Hospedados no Le Franlin Hotel, situado na comuna parisience ou bairro de suburbio chamado Màrie de Montreuil, registramos de perto a segregação étnica e social. O bairro possui boa infraestrutura, com subprefeitura e autonomia administrativa. As ruas são calmas e arrumadas. A população em sua maioria se mostra negra, de origem africana. Imigraram das colônias francesas e se estabeleceram na região. Deferente do Brasil, os negros se mostram empoderados e inseridos no contexto histórico, político e econômico. Apesar das diferenças clássicas entre os bairros que formam a Grand París, existe um refinamento que também é clássico e nobre. Nobreza que só se adquire com cidadania. París na verdade se forma e se estrutura como caracol. No centro emerge o sitio histórico e aristocrático, aos arredores vão surgindo os bairros ou cidades satélites. Quem está no centro se considera mais parisiense do que estar nas margens. A velha divisão de classe também se estabelece nos mesmos moldes entre urbanos e suburbanos, entre ricos e pobres. As mulheres se mostram independentes e altivas. As ruas pacatas parecem revelar certa amistosidade entre os habitantes, contudo, os metrôs e prédios menos modernos evidenciam as grandes diferenças étnicas, religiosas, sociais, econômicas e políticas.

 
TORRES EIFFEL - CENTRO DE PARÍS

A partir de 1855, París iniciou uma série de exposições universais estimulando a edificação de numerosos monumentos. Durante a exposição de 1889 surge então a Tour Eiffel. Idealizada e construida por Gustave Eiffel, com ferro do século XIX, a torre encontra-se localizada no Champ de Mars [Campo de Marte], no centro histórico de París. Possui 324 metros de altura e já foi considerada a estrutura mais alta do mundo. Possui três níveis, sendo o terceiro só acessível através dos elavadores que parecem subir em diagonal em direção ao infinito. No primeiro nível, que se alcança depois de subir 300 degraus, encontram-se as lojas e lanchonetes. No segundo pavimento encontra-se o restaurante Le Jules Verne, um dos mais caros da Europa. A própria história da torre merece capitulo a parte. Admirada ou criticada, manteve-se sob ameaça durante muitas décadas. Contam que um certo crítico renomado solicitou durante anos sua retirada do centro histórico. O mesmo frequentava assiduamente o restaurante da torre, e quando indagado por Gustave Eiffel sobre a incoerência do ato, disparou: “venho sempre porque aqui é o único lugar de Paris de onde não me obrigo a ver tal geringonça”. A torre armada em homenagem ao centenário da revolução francesa foi salva na verdade por abrigar importante antena de transmissão de rádio. Hoje, encorporada a história parisiense revela-se como principal momunento frances. Um dos simbolos mais reconhecidos em todo o mundo.


MUSEU DO LOUVRE
Marcada por belezas e contradições, París, apesar de reconhecida como cidade mais visitada do mundo, é também classificada como a menos acolhedora e mais cara. A avenida Champs-Élysées [ou Campos Elísios] é uma das mais largas e famosas do mundo. Impossível não se deslumbrar com a riquesa que se estampa em cada esquina. Lojas riquissimas e famosas se espalham por toda a estensão da avenida que culmina no Arco do Triunfo, construido por Napoleão Bonaparte, em 1806, para homenagear as vitórias francesas. Antes de tudo, o grandioso munumento se configura como bela obra de arte, que se ergue entre avenidas para homenagear os soldados mortos nos campos de batalha. Ao Museu do Louvre se faz necessário capitulo especial. Visitar o bairro de Montmartre é uma excelente oportunidade para conhecer a Basília de Sacré Coeur, o Moulin Rouge – antigo cabaré francês, além dos famosos cafés parisienses onde é permitido fumar enquanto se admira a cidade. A Catedral de Notre-Dame decepciona ao visitante menos astuto. De certa forma, em nada se parece com a famosa catedral de estilo gótico exibida em filmes. Construida entre os séculos XII e XIII, atualmente é o principal centro simbólico de París, ponto pelo qual se medem as distâncias das rodovias da França. O Hôtel des Invalides impressiona pela riquesa do acervo e destaca-se como importante museu e necrópole militar. Construído no fim de século XVII, pelo rei Luis XIV, serviu inicialmente como hospital para os soldados feridos. Hoje, o charmoso prédio de domo dourado abriga as cinzas e tambpem a sepultura de Napoleão Bonaparte. O L´Hôtel de Ville abriga atualmente a prefeitura de París. Sua arquitetura esbanja luxo e riquesa de forma artisticamente harmoniosa.

AV. CHAMPS-ÉLYSÉES
Um passeio a tarde pelas margens do Rio Sena revelam a cidade mágica. Do Quai d´Orsay, cais instalado a margem esquerda, avista-se os vários monumentos famosos. Os jardins que acompanham a orla, principalmente no trecho entre a Pont de Sully e a Pont de Bir-Hakeim, revelam uma das mais belas paisagens fluviais. Seguindo-se em frente chega-se a Ponte Alexandre III, repleta de esculturas e adornos em ouro. Localizada no coração da cidade, dela pode-se avistar a Notre-Dame, o Louvre, os Invalides, o Grand Palais ao lado do Petit Palais, o Museu do Quai Branly e logicamente a Torre Eiffel que se eleva magestosa sobre arvores frondosas. A bela calma da cidade de brisa cortante é quebrada pela correria inesperada. Sirenes invadem o ar. Alguns negros e mulatos corem apressados, empunhando sacolas improvisadas e repletas de souvenis. Seguem para as margens do Sena e tentam esconder-se nos subterrâneos da cidade. Acuados pela polícia extremamente alva, são empurrados contra as muralhas. Algemados, são escoltados diante de uma população atônita e absmada com tamanha violência. Um certo desencanto me aflora e me faz pensar nas particularidades de Recife. A violência é um fenômeno universal? Ao longe avistamos os imigrantes acuados, cabisbaixos e sem alternativas imediatas. A aparente calma volta e em poucos minutos a cidade segue em sua rotina. Adiante chega-se ao Jardim das Tulheiras, criado sobre a margem direita do rio, no século XVI. Do outro lado desponta o Jardim de Luxemburgo, que em cerca de 1625 figurou como dependência privada do castelo contruído por Marie de Médicis.


VISÃO PANORÂMICA DE PARÍS
 A cidade que deu origem ao expressionismo e ao surrealismo figura agora como uma bela e comportada senhora milenar. Uma espécie de deusa do encantamento que seduz os desavisados e entorpece os eruditos. Aristocrática, revela-se acolhedora e distante ao mesmo tempo. A noite cai e as luzes invadem ruas e praças. O sol se esconde mas não traz as trevas, pois que París torna-se iluminada. Não artificialmente iluminada. Pois que de suas entranhas mais profundas emerge a lume que encandeia e a enche de fulgor e brilho. Essência da beleza. A Torre Eiffel se acende e muda de cor a cada hora exata. No topo um farol estende seus raios pela escuridão. A gurdiã da cidade se revela. París mostra-se assim, acima de tudo, uma cidade viva em si mesma. Altiva e implacável, se mostra indiferente as críticas errôneas e/ou insensatas. Nada a pertuba, nada a incomoda ou altera. Apenas à brisa parece permitido movimentar-se sem licenças, sem rodeios ou cuidados. Aos mortais, apenas a contemplação e o encanto. Nada mais se tira ou se leva dessa cidade, pois que até as mais vivas lembranças serão impróprias diante de tamanho charme, elegãncia, beleza e indiferença. Deusa única e maior. Quieta e misteriosamente linda. Sem dúvida nehuma, “não se deve morrer sem conhecer París”.


PÁTIO EXTERNO DO MUSEU DO LOUVRE

Próxima parada: Museu do Louvre!

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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