CANTORAS NA MÍDIA GAY!
Que a mídia é um canal de alta
exposição ninguém duvida. Que as pessoas tem o direito a expor suas opiniões e
convicções pessoais sobre determinados assuntos e temáticas, menos ainda.
Contudo, no período do “politicamente correto”, movimento social que tem como
objetivo contribuir para a mudança comportamental de uma sociedade machista e
desrespeitosa para com as diferenças, torna-se necessário pensar duas vezes
antes de abrir a boca. Manda a regra que quando não se sabe o falar, é melhor
calar. Já diz um ditado popular que, “em boca fechada não entra mosquito”.
Assim, se tem menos chances de engasgar. Sempre digo que quando assumimos um
determinado lugar, assumimos com ele as responsabilidades e implicações
inerentes. Quando lidamos com o grande público, por exemplo, somos de certa
forma, alçados ao lugar de formadores de opinião. Logo, o que falamos ou que
fazemos podem assumir dimensões mais amplas. Se antigamente falávamos para um
pequeno grupo, hoje falamos para o mundo. Vivemos na era da aldeia global.
Neste sentido, a internet se apresenta como principal ferramenta de comunicação
em massa. Uma frase mal feita, um gesto impensado, uma brincadeira de mau gosto
ou uma piada despretensiosa, em segundos podem causar reações em cadeias, que
se multiplica em uma velocidade incalculável.
Esta semana ganharam as redes
sociais duas famosas cantoras brasileiras, indiretamente ligadas por uma mesma
temática ou causa – a homossexualidade. Em posições e com posicionamentos
antagônicos cada uma conseguiu despertar na população em geral, animosidades e
iras. De um lado, a Rainha do Brega, a esfuziante Joelma da Banda Calypso, que
em entrevista a Revista Época comparou equivocadamente a homossexualidade a
dependência de drogas; do outro, a [ex]Rainha do Axé Music, Daniela Mercury,
que assumiu publicamente sua orientação sexual homossexual. No descompasso da canção
popular, cada uma a seu modo atraiu a mídia e promoveu debates. Na contabilização
do ibope, a primeira levou a pior. Acusada de homofóbica, tentou reparar os
estragos e a raiva de seus fãs alegando mal entendido com a imprensa. Tarde
demais! As mesmas redes sociais utilizadas para sua projeção, agora contribuem
para sua resignação diante de uma plateia ofendida. Como diria um grande amigo
- Cada cá é cada cá e destino é coisa de cada um. Talvez não tenham informado a
dançarina e figurinista, que também é vocalista brega que dependência química é
uma coisa, orientação sexual é outra. As duas não se correlacionam. Assim, a
cantora desafinou ao alegar conhecer várias mães que sofrem ao descobrir a
homossexualidade dos filhos, ou ainda, ao afirmar conhecer várias pessoas em
conflito com a descoberta da própria identidade sexual. Rotular uma expressão
natural da sexualidade humana enquanto transtorno vai além da inocência ou desconhecimento
de causa. É no mínimo acintoso para alguém que se comporta como traveca e vive
do público gay.
Mas como diz meu amigo, Cada Cá é
Cada Cá! E nesse sentido, ou bem se canta ou bem se diagnostica. O que
especificamente no caso da nova Mega-Star Gospel, nem uma coisa e nem outra
parece se aplicar. Seu canto se tornou ainda mais estridente, incomodando
ouvidos, quando declarou que mesmo não tendo nenhum tipo de preconceito, se descobrisse
que seu filho era homossexual lutaria até o fim da vida para convertê-lo. O problema
maior é saber em que. Talvez um ser realmente patológico devido a pressão religiosa
de uma mãe arbitrária, retrógrada e inconsequente. Meu grande alívio é saber
que a mesma é apenas uma pretensa cantora. Com tantas habilidades e [in]competências
(produtora, estilista, coreógrafa e dançarina) dá medo imaginar que em sua
loucura poderia se transformar em psicóloga ou conselheira religiosa. Até
porque, em uma sociedade onde existe um Silas Malafaia equivocado,
inescrupuloso e oportunista, ninguém precisa de uma Joelma preconceituosa e
desinformada.
Talvez a Daniela Mercury, agora símbolo
gay nacional, pudesse aproveitar seu retorno e sucesso midiático para
esclarecer a nobre colega de profissão uma básica diferença entre “opção
sexual” e “orientação sexual”. Bem no estilo Cada cá é cada dá, poderia lhe
informar que uma coisa é poder escolher entre um figurino de gosto menos
duvidoso que outro; outra coisa bem diferente é descobrir para onde se encontra
direcionado seu desejo sexual. Uma coisa é poder decidir entre ficar de boca calada
e falar besteiras; outra bem diferente é se descobrir apaixonado/a por uma
pessoa do mesmo sexo, do sexo oposto, ou pelos dois. No seu caso específico, talvez
a melhor estratégia fosse realmente incentivá-la a continuar rezando. Quem sabe
assim, o mesmo deus que a salvou de uma estafa, há quatro anos quando optou em se
converteu, também não a salva da ignorância, e por tabela dos prejuízos
financeiros? Sábios mesmo foram os patrocinadores do ameaçado investimento
cinematográfico – Calypso: O Filme, que revoaram em bando, orientados pelo
desejo popular. Afinal de contas, quem fala o que quer, ouve o que não quer. E
que fala do que não sabe, não mancha apenas a própria imagem, mas também a de
quem se vincula. Para quem tem no público uma grande parcela de homossexuais,
chamar tais pessoas de doentes é atirar no próprio pé. E só quem se equilibra em
um pé só é Saci Pererê, que pertence ao mundo do encantado, do fantástico. No
mundo real não existe mais espaço para as falsas lendas que só pregam
intolerâncias através de pronunciamentos impensados e descabidos que se
respaldam na ignorância e em doutrinas religiosas alienadas.
No mundo utópico do fanatismo e das sandices
calypsianas não se espantem se em pouco tempo anunciarem um apoteótico show gospel
onde a equivocada cantora fará um belo dueto com o Marcos Feliciano. No mundo
das fantasias em que vive com certeza nada é impossível. Afinal de contas, os
semelhantes se atraem, assim como os oportunismos. BANDA Calypso!!!
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