O Dilema de um Deputado.
Segundo o Deputado Estadual
baiano, Pastor Sargento Isidoro, atualmente no PSB, “... quando se pretende botar homem com homem, mulher com
mulher, isso é o extermínio da humanidade”. Como pastor afirma que recebe em
seu centro de reabilitação para pessoas usuárias de drogas jovens e
adolescentes “alegres” que precisam de cura. Repudia a determinação do Conselho
Federal de Psicologia, que proíbe a atuação do profissional que embasa o
atendimento em uma utópica e criminosa concepção sobre a recuperação da
homossexualidade, alegando que vivemos em um Estado Democrático. Então se
pergunta: de que democracia fala um deputado, representante do povo, eleito
pelo voto direto, que em nome de uma doutrina religiosa agride parte da
população? Se a democracia prega a livre expressão, inclusive sexual, em quais
preceitos legais e jurídicos se respalda um servidor público que prega que os “africanos
são descendentes amaldiçoados de Noé” e que “na região onde a pele é mais negra
começou a maldição da viadagem”?
Talvez a
pergunta mais sensata a ser feita, principalmente por eleitores conscientes, seja:
o que é realmente um deputado? Um homem comum ou um indivíduo responsável e
respeitoso, consciente de seu papel perante a sociedade? Um deputado pode falar
por si, ou somente em nome do coletivo? Se o seu salário é pago com dinheiro do
contribuinte, e aí se incluem todos os brasileiros, não deve satisfações à
população? Como pode, na posição de servidor público, que está a serviço do
povo, classificar cidadãos honestos como “viados e viadas doentes”? Como pode
afirmar que a dependência química é resultado da safadeza e da desobediência às
leis divinas? Como pode classificar uma raça como pecaminosa, subjugando-a em
detrimento de outra?
Um indivíduo
que se diz ex-gay, mas que teme a recaída não pode ser uma pessoa séria. Um deputado
que se diz recuperado em sua homossexualidade, mas que afirma não poder “ficar
junto de um homem por muito tempo porque a carne é fraca”, não pode ser um político
honrado e respeitoso. Um pastor que prega a desigualdade, a discriminação e o
preconceito entre raças não pode ser um representante de qualquer que seja a
divindade anunciada. Um indivíduo alienado que ignora a ciência, a justiça, os
direitos humanos e o amor ao próximo não pode ser representante de nada e de
ninguém. Talvez, mais do que a bíblia, ele precise de terapia e de internação. Um
deputado que se coloca publicamente enquanto religioso fervoroso e salvador dos
“desgraçados pecadores” perante a sociedade cospe na Constituição, lei máxima,
que inclusive estabelece e regulamenta seu fazer político.
Um ser que se
autoflagela na repressão demasiada e cotidiana de seus desejos é apenas um
homem em crise. Um doente. Um político insensato e irresponsável que tenta se
promover através de um discurso folclórico [no mais pejorativo sentido que
caiba a palavra] é apenas um falsário, e nunca um ideólogo. Não cumpre com
seu papel social. Não cumpre com seu papel político. Um homem que lida mal com
sua própria essência e existência, não sabe lidar com o outro. Não está apto ao
exercício cidadão, religioso, e muito menos político. Torna-se uma farsa. E de
farsas, já nos bastam os [IN]Felicianos e [MALA]faias da vida! Para quem se diz
ex-gay, ex-drogado, ex-bandido, ex-soroposito, ex-militar, talvez o caminho da
salvação seja se tornar também ex-deputado! Que assim se faça a vontade de Deus
e dos homens nas próximas eleições. Para que somente assim, todos os Orixás,
Tupans, profetas, santos, anjos, ETs e querubins possam dizer Amém!
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