terça-feira, 3 de julho de 2012

ELEIÇÕES DO RECIFE - LULA OU ARRAES?




A SORTE ESTÁ LANÇADA: FAÇAM SUAS APOSTAS!


Confesso que, como a maioria dos brasileiros, eu não entendo muito de política. Principalmente de política partidarista. Logo, esclareço que não tenho paixão por partidos, e muito menos, por, ou pelos políticos. Mas tenho consideração e respeito pela cidade em que resido. Sou recifense por convicção e livre escolha. Para mim, carinho e cuidado exige dedicação, posicionamentos e responsabilidades. É neste contexto, o da responsabilização, que me vejo imbuído nas decisões políticas que envolvem minha cidade, meu estado, e logicamente, meu país. Atrevo-me então a fazer algumas análises, ou melhor, reflexões sobre o cenário atual. Falo aqui, não como analista político, longe disso, mas como cidadão que busca compreender a situação que se apresenta, inclusive para tomar decisões que julgue mais assertiva adiante. Afinal estamos em ano de eleição. Por isso é melhor deixar a copa e novo corte de cabelo do Neymar para outro momento.

Vivemos em um mundo dito globalizado. Não existem mais fronteiras, de certo modo, para o que é nosso e o que é do outro. Parece que tudo pertence a todos, ou seja, tudo afeta diretamente a todos, em todos os momentos. A crise econômica na Europa afeta a economia mundial, e consequentemente a nossa. Uma possível crise econômica no Brasil afetará a vida de muitos, mundo a fora. Mas o que temos realmente haver com a Grécia, principal foco dos conflitos político-econômicos? Porque a crise da Espanha, a ameaça de recessão na Itália, o fracasso socioeconômico de Portugal, o novo governo da França, a guerra do golfo pérsico e as eleições nos Estados Unidos ameaçam nossa economia? Lembro, por exemplo, que antigamente, a única referência que tinha sobre a Grécia era a figura do “Minotauro”, um ser mitológico, meio homem, meio touro, que infernizava a vida de Narizinho e Pedrinho, no Sítio do Pica-Pau Amarelo. De Portugal, vinham as realezas e as caravelas de Pedro Álvares de Cabral. Sabia que existia uma torre de metal muito alta na França, assim como um lugar chamado Coliseu, em Roma, onde leões comiam homens vivos. O Japão era uma pequena ilha repleta de pessoas de olhos puxados, atingidos por um cogumelo atômico produzido pelos EUA, que representavam o poder absoluto, e a quem devíamos uma quantidade de dinheiro que nem sabia calcular. Mas esses eram mundos distantes, inacessíveis e cheios de histórias fantásticas. Um mundo irreal para uma criança vinda do subúrbio. A Europa em si, era apenas um mapa colorido em um simples livro de geografia. Estudávamos os continentes separadamente – Europa, Ásia, África e Américas. Terras distantes, separadas por grandes oceanos.

Como diria o matuto, hoje a história é outra. Na verdade, a história é a mesma, só que contada em outra perspectiva. A história é dinâmica, e por isso mesmo, passível de mudanças. O mundo não se divide mais em continentes, e muito menos em países, mais em blocos econômicos – União Européia, Mercosul e Brinc. Muda-se a geografia, mas mantém-se a lógica capitalista, onde manda quem pode. É a moeda que rege o planeta e continua definindo os lugares de poder. O grupo dos Brincs – Brasil, Rússia, Índia e China, são fortes porque estão em desenvolvimento. Ainda possuem fôlego para ampliação de mercado, fazendo a moeda girar. Temos terras, temos recursos naturais, temos tecnologia, temos como produzir e vender alimentos, e acima de tudo, temos fome de consumo. Quanto mais se compra, mas se produz, gerando novo consumo. Manter o mercado vivo é a chave para o desenvolvimento. Nessa lógica, o homem reinventa o mercado, e o mercado reinventa o homem. Vivemos um momento de retroalimentação contínua e constante. Assim, nossa sobrevivência depende diretamente de uma coisa, ou poderosa instancia, chamada mercado. Por isso, o Brasil hoje desponta como líder do Mercosul, participa do Brinc, empresta dinheiro para a União Européia, contribui com o FMI, influencia nas decisões mundiais. Finalmente, depois de décadas de retórica fajuta, promovida pelos generais da ditadura, conseguimos nos tornar um país em desenvolvimento de verdade. Deixamos de ser meros figurantes para nos tornar protagonistas de nossa própria história e, coadjuvante na história política e econômica mundial. Como sempre me diz um grande amigo, “eu vivi para ver isso”.

Mas, o que isso tudo tem haver com o Recife? A resposta é, logicamente, tudo! Se o mundo fervilha, a capital pernambucana “frevilha” mais ainda, mesmo que em uma perspectiva micro. Estamos em ebulição, e não por causa do frevo, mas por causa do que representamos econômica e politicamente para o Brasil. Somos atualmente o estado com maior índice de crescimento econômico do país. Numa comparação semelhante, se São Paulo, e os estados do Sul, não têm mais para onde crescer, nós temos fôlego e sede de consumo. Pela primeira vez, em séculos de exclusão e penúria, o Nordeste retorna ao passado de lutas e mostra sua força. Nós até decidimos eleições presidenciais. Pernambuco é o centro do desenvolvimento nordestino. É aqui que se concentram os grandes investimentos na atualidade. Recife então se torna o centro das atenções políticas. Torna-se estratégica para a manutenção do poder. Nessa luta apresentam-se os jogadores. De um lado o PT, totalmente chamuscado pelos estilhaços do camicase João da Costa; do outro, o PSB que já governa o Estado. Se um propõe a retomada da gestão democrática comanda durante oito anos, pelo atual candidato a vice-prefeito João Paulo - em minha opinião, o melhor prefeito que o Recife já teve nas últimas quatro décadas; o outro se apresenta como alternativa a uma gestão técnica, e menos política. E neste caso, a gestão técnica tem se apresentado como estratégia eficaz para o desenvolvimento desejado e necessário a qualquer cidade. A Dilma Rourseff é um excelente exemplo de gestão técnica.

Parafraseando Carlos Drummond de Andrade, o João da Costa se tornou “uma pedra no meio do caminho”. Em pouco tempo conseguiu acabar com anos de trabalhos e projetos do Partido dos Trabalhadores. A ineficiência de sua gestão provocou o desmoronamento do cenário sociopolítico e econômico do Recife. Sua posição de homem-bomba provocou o já previsto rompimento da Frente Popular, antecipando para as eleições de 2012 o reordenamento e a reorganização partidária, ou partidarista. O que temos em jogo é o destino, não só da cidade alvo, mas dos governos futuros. O PT precisará manter-se forte na Região Nordeste para consolidar sua candidatura presidencial em 2014. O PSB precisará se consolidar em Recife para fortalecer, impor e articular sua possível candidatura a presidência da república. Uma derrota do PT abala a imagem e poder do Luiz Inácio. Uma derrota do PSB compromete os planos de Eduardo Campos. O que se configura é uma batalha entre simbólicos ídolos pernambucanos. Assim, a eleição em Recife não se dará entre PT versus PSB, mas entre Lula e Arraes. Num momento em que se vive e se constata de forma irrefutável a teoria do caos no cenário mundial, “onde o bater das asas de uma borboleta, na floresta amazônica, pode provocar um tsunami no Japão” [Edward Lorenz, 1963], melhor pensar duas vezes antes de definir o voto. De qualquer forma, façam suas apostas. A sorte está lançada!


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