quinta-feira, 7 de junho de 2012

O IMPEACHMENT VERMELHO NO RECIFE




VIVA SÃO JOÃO! VIVA SEM JOÃO!

Olha João, sei que essa nossa conversa já está ficando chata. Mas confesso que nos últimos meses nenhuma decisão política tenha me agradado tanto quanto ver estampado nas capas dos jornais o “Impeachment vermelho” promovido pelo PT, que resultou na impugnação da tua pretensa recandidatura a prefeitura do Recife. Também não posso negar o quanto esperei por esse momento. Você, melhor do que ninguém sabe disso. Menos ainda, posso negar certo prazer ao ler sobre tua caminhada solitária e desolada pela Av. Paulista, em São Paulo. Se a mesma tivesse ocorrido aqui, na Av. Conde da Boa Vista, acho mesmo que teríamos chegado ao orgasmo. Mesmo sabendo do teu sentimento de humilhação e desamparo, te digo que foi melhor assim. Pior seria ti ver chorar diante de uma vaia geral, que com certeza ocorreria se te atrevesses a passar por aqui. Mas não se preocupe muito com isso, em pouco tempo o povo esquece tua imagem. Lembra do Collor? Não foi assim que aconteceu? Fez coisas bem piores e hoje está de volta a política. Quem sabe daqui a alguns anos não consegues te reeleger? Será? Na verdade só irias precisar se filiar a um partido oportunista. E isso, no Brasil, não é nada difícil de encontrar. Bem sabes disso, João, até porque de oportunismo você entende mais do que qualquer outra pessoa. Foi assim que se elegeu uma vez.


Agora, João, justiça seja feita, não existia um momento mais oportuno para essa derrota. É que com a proximidade do período junino o povo vai às ruas reverenciar o outro João. Não o político equivocado e “tinhoso” que és, mas o santo que comanda uma das maiores festas populares do Nordeste. Chegou à hora da gente gritar: “Viva São João!”. Mas neste caso, te confesso que vou preferir o trocadilho, como de praxe, e comemorar o “Viva Sem João! É que sem você, o Recife, com certeza, respira melhor. O problema mesmo será esperar seis meses para te ver dar as costas definitivamente. Entenda minha preocupação, João. Se em três anos e meio só fizestes besteiras, castigando os recifenses com tua inoperância e incompetência, imagina como se dará esse período de transição? De qualquer forma, dos males, o menor. Para quem aguentou tuas trapalhadas até agora, seis meses passam num piscar de olhos. E olha, antes que penses que sou mal, saliento que a questão não é pessoal, mas política. Até porque nunca tive o desprazer de conhecê-lo pessoalmente. Mas conheço seus feitos, ou melhor, malfeitos. Disso sou testemunha, ao mesmo tempo em que sou vítima. É que como morador do centro, João, arco com os prejuízos de tua gestão inconsequente. Não costumo levantar bandeiras, mas não nego que hasteio em minhas janelas, sejam reais ou virtuais, as necessidades e urgências de mudanças. E estas são imprescindíveis ao Recife.

Ruas esburacadas e desprotegidas; calçadas invadidas pela clandestinidade; avenidas mal iluminadas e sem condições de uso; crianças e adolescentes misturados a ratos e vermes; canaletas entupidas que inundam perímetros; prédios históricos caindo aos pedaços; gente morrendo nas ruas sem assistência; tumultos e badernas cotidianas; descasos políticos em negociações sem transparência; insatisfação geral; comprometimento da imagem pública - este é o retrato de três anos e meio de tua arrogância. Promovesses o caos. Nunca na capital pernambucana se viu tanto despropósito e descompromisso público. Falta limpeza urbana, falta reorganização do comercio, falta segurança, saúde, educação social e ambiental, falta dignidade, João. Esquecesses do povo? Logo o povo, que te elegeu como representante? Não se gerencia uma cidade como Recife, sem conhecer suas ruas. Não adianta aumentar o número de coletores de lixo na Av. Beira Mar, em Boa Viagem, e deixar a Av. Agamenon Magalhães fedendo. Não adianta expulsar os “pobres” das pontes sem oferecer abrigos com condições dignas. Tudo bem que “A Cidade é a Gente Que Faz”, mas jogar a responsabilidade toda sobre nossas costas é covardia. Até aumentasses os impostos. E pra onde foi esse dinheiro? Será que gastasses tudo com os fogos de artifício que nem explodiram direito na passagem do ano? Cadê as reformas prometidas? O fato é que sempre desses as Costas para o povo, mesmo sabendo que dependias dele. João, “quem dá as costas, dá o rabo por cheirar”. Talvez seja por isso que a cidade fede tanto?


Olha João, aproveita esses últimos seis meses para limpar tuas sujeiras. Olha pro povo e vê se aprende alguma coisa com ele. O Recife está em festa novamente. O tempo vai esquentar ainda mais com a festa de São João. Quadrilhas juninas vão invadir a cidade ao som do forró pé de serra ou estilizado. Matutos vão dançar e cantar suas origens mostrando a força de nossa cultura. É a cultura de um povo que vai às ruas, que grita, engarrafa o transito, congestiona vias públicas, bate a no peito e diz o que sente e o que gosta. Povo que baila entre o divino e o profano. Que aprendeu a agradar a deuses e a diabos. Gente de sangue quente que não teme o confronto, mas, que ao mesmo tempo se mostra pacificador sem peder a perseverança. Esse é um povo a quem não se engana, João. Desde cedo aprenderam que quando a esmola é grande, o santo desconfia. E neste sentido, aprenderam também a reconhecer quando um João é santo legítimo ou do “pau-ôco”. Essa gente gosta de olhar nos olhos, pois que estes revelam a verdade e as intenções de um homem. Quem não olha nos olhos, não fala com o povo. E segundo o ditado popular, a voz do povo é a voz de Deus. Isso é crença popular, João. E crença correlaciona-se a convicção, que por consequência correlaciona-se ao ato de convencer, gerando certeza adquirida por demonstração. Resumindo, somos um povo que exige exemplos, sejam de condutas ou comportamentos. Não toleramos as falácias, principalmente as políticas ou politiqueiras. Por isso, dizemos que uma palavra vale mais que uma assinatura. Porque pra gente, a palavra tem fé do ofício. Sempre te disse pra não mentir para o povo porque iriam te cobrar mais tarde. Olha aí o resultado. O povo também te deu as costas. Pagamos na mesma moeda. Não te disse que isso ia acontecer?


E agora João? O que vais fazer com tamanha vergonha? Será que vais conseguir caminhar com a cabeça erguida ou vais te colocar na posição de vítima? Deixasses meia dúzia de militantes despreparados te exporem em fotografias ao lado do Lula e da Dilma, sem nem mesmo confirmar apoio. Fosses carregado nos braços por um grupo minguado, sem força política, e mesmo assim acreditasses que poderias cantar a vitória antes do tempo. E agora, o que vais fazer? Serão seis meses pela frente. Seis meses para carregar o título de prefeito deposto. Um semestre amargando a derrota antecipada, que não foi pior do que a que aconteceria nas urnas. Aproveita, porque será tempo suficiente para analisar teus erros, tua arrogância e prepotência. Tempo para rever teus planos e futuro, se é que ainda te restará algum. Não acredito que ainda tenhas espaço na política. Não acredito que ainda tenhas espaço no partido. Não acredito que tenhas chances de mudar tua imagem. Nunca acreditei em você como gestor. E não é pessimismo solitário, porque assim, pensam milhões de recifenses, milhões de eleitores. Como disse certo político, há dias atrás, você é página virada, João. Já faz parte do passado. Agora, arruma teus trapos e pedi para sair. Enquanto isso, nós vamos esperar que o próximo candidato, que por coincidência também é Costa, caso eleito, se posicione de frente as necessidades do povo. Espero que tua lição sirva de exemplo ao próximo prefeito.

Viva são João! Viva Sem João!

Um comentário: