segunda-feira, 8 de outubro de 2012

ELEIÇÕES 2012 - O RECIFE AMARELOU...

... E O RECIFE ACORDOU AMARELADA EM SUA HISTÓRIA!

... E o Recife amanheceu calmo. Manso como um bêbado de ressaca. O sol parecia encadear suas entranhas, anunciando um dia trôpego, que se arrastaria preguiçoso. Em tuas ruas não havia cores. Não havia bandeiras. Não havia ruídos. Não havia pressa. Eras, uma cidade vazia em si mesma. Desolada, sufocada com um nó na garganta. Tua gente andava cabisbaixa e não se mostrava amistosa. Parecias não querer conversas, nem tão pouco, brincadeiras. Eras o semblante do cansaço. A evidência do fracasso ideológico. Estava no rosto dos abandonados. Na cara dos desiludidos. Na face dos vencidos. Era uma procissão de derrotados.

... E o Recife acordou desbotado. Pálido como quem sangra até a morte. Nas tuas ruas não havia forças. Não havia guerra. Não havia gritos. Não havia resistência. Apenas um lamento tragado lhe cortando a goela. Eras uma cidade vazia de si mesma. Massacrada pela humilhação em sua história de lutas. Arrasada na desolação de mulher traída. Derrotada em seu desamparo. Sozinha e sem forças. Abandonada, entregue a própria sorte.

... E o Recife acovardou a revolta. O sol empalideceu o sangue de teus filhos. Já não tinhas viço. Já não tinhas tino. Já não tinhas cor. Era a sangria desatada em praça pública. Mas já não havia praças, e muito menos público. Ninguém quis ver tua derrocada. E por isso se esconderam na vergonha. Apressaram-se atrás das portas. Vedaram tuas janelas temendo a insolação. Apagou-se a insurreição e por isso os teus se cobriram nas camas. Não havia choros, nem lamentos. Apenas o silencio dos desvalidos.

... E o Recife acomodou a derrota. O sol se fez grande e pisou soberano sobre o vermelho das veias. Teu sangue correu as valas. Inundou os rios para se perder no mar. E o teu mar já não está pra peixes, muito menos pra Lulas, pois que estes foram os primeiros a correr e a abandonar as redes. Deixaram só os pescadores. Abandonaram teus arrecifes, como náufragos em tempestade. Negaram teu passado e traíram acordos.

... E o Recife despencou ressacado. Morreu na praia como um bêbado vazio de lutas e de vida. Como uma velha puta apedrejada no areal. Com batom borrado. Queimada no vermelho que há muito não tinha cor. Não tinha boca. Não tinha voz. Não tinha vez. O sol descamou tua pele, revelou tuas cascas, escarneceu tua crosta. Eras, agora, uma puta sem Costas, e muito menos, lastros. Desamparada e vadia. Vazia de si, de tudo e de todos.

... E o Recife amarelou em um dia em que o sangue correu das veias, percorreu as valas, sujou os risos para se perder no mar. No mesmo mar que agora bate a tua cara e lhe salga a carne, cicatrizando as feridas. O mesmo mar que, agora dourado, quebra em tuas pedras para te trazer a vida. Tua vida que se refaz por si mesma, pois que sempre serás a fênix do Norte. Pois que sempre serás forte, independente dos homens das cores efêmeras e vazias. Pois que sempre serás a grande mãe dos homens de cores puras. A grande deusa dos românticos poetas.

... E o Recife amanheceu amarelo. Que o sol ilumine teus dias, teus filhos, tuas ruas, para fazê-la novamente a cidade luz.

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