segunda-feira, 22 de setembro de 2014

ONDE HOUVER ÓDIO, QUE EU LEVE O AMOR!



ONDE HOUVER ÓDIO, QUE EU LEVE O AMOR!

Onde houver ódio, que eu leve o amor... Com o coração aberto e o espírito de paz, mais de oitenta mil cidadãos atravessaram a Avenida Beira Mar, em Boa Viagem, na tarde de ontem, durante a Parada da Diversidade 2014. Do alto se via a variedade de cores, rostos, estilos, que formava uma massa homogênea em defesa da igualdade, direito constitucional e fundamental a consolidação da democracia. A criminalização da homofobia é uma questão de saúde coletiva. No Brasil, milhares de pessoas, crianças, jovens e adultos, homens e mulheres, ainda são diária e cotidianamente discriminadas, violentadas das mais diversas formas. Muitas são barbaramente agredidas física e moralmente, mutiladas, assassinadas. Segundo dados divulgados pela mídia, os crimes de caráter homofóbico cresceram 216% nos últimos anos. Em um país marcado pela impunidade e pela educação conservadora e sem qualidade como o nosso, evidentemente a violência de gênero tende a mostrar-se como resultado direto de uma sociedade intolerante e insensato que ainda se guia por um modelo limitante, conservador e restrito quanto à vivência e exercício da sexualidade.

É preciso lembrar e ressaltar, que as pessoas como orientação homossexual e bissexual, seja estas, gays, lésbicas, travestis ou transgêneros, são professores, advogados, artistas, médicos, políticos, empresários, gestores, donas de casa, garis, vendedores, policiais, assim como as pessoas de orientação heterossexual. A diferença não estar no caráter ou no direito a cidadania, mas no objeto de desejo. E isso é do campo do individual, do privado e não do público. O que tem que se tornar público é o direito a igualdade, o respeito às diferenças e a obrigatoriedade de uma convivência pacifica. A grande questão consiste no fato de sermos uma sociedade mal educada, alienada da capacidade crítica e reflexiva. Respaldamo-nos ainda por regras, costumes, tradições e dogmas, que, muitas vezes, não conhecemos bem em origem, essência ou profundidade. Guiamo-nos ainda por comportamentos condicionados, comuns aos animais irracionais.

A intolerância as diferenças que respaldam os crimes e violência de gênero precisa ser combatida. E isso não é exclusivamente papel do Estado, mas da sociedade como todo. Já tive amigos, amigas e pessoas conhecidas covardemente assassinadas, sem a menor possibilidade ou mínima condição de defesa. É preciso entender e disseminar junto à população que tradição não é sinônimo de intolerância, e muito menos fator que respalde para a violência e crimes. A tradição configura-se apenas como um conjunto de regras acordadas pelo coletivo. E tudo que é acordado e construído socialmente pode logicamente ser revisto, revisitado e reformulado, a fim de atender as novas demandas da própria sociedade. Neste sentido, nenhuma regra ou normatização pode ser maior, superior ou mais importante e fundamental do que o direito a vida e a liberdade. Até porque, uma sociedade que julga e condena pelas próprias mãos beira a barbárie.

Pessoas com orientação sexual homossexual ou bissexual, seja gay, lésbica, travestis ou transgêneros, trabalham, produzem e pagam impostos igualmente as pessoas de orientação heterossexual. São igualmente filhos, esposas, esposos, pais, mães, tios, tias, amigos e amigas, cidadãos brasileiros. E como tais precisam que seus direitos sejam efetivados e respeitados. A vida privada pertence única e exclusivamente ao sujeito. Assim, ao invés de nos preocupar com o que os outros fazem na cama ou entre quatro paredes, vamos refletir sobre nossos próprios desejos reprimidos ou frustrados. A sexualidade deve ser vivida plenamente e o corpo utilizado, da melhor forma possível, e em toda a sua potencialidade, em prol do prazer. Quem nega o prazer, nega a própria essência e motivo de existência. 

Vamos dirigir nossas energias para combater o que realmente deve nos incomodar – a corrupção, a intolerância e impunidade. Criminalizar a homofobia é tão importante e urgente, quanto criminalizar e responsabilizar politiqueiros que usurpam nossos bolsos, que desviam verbas públicas ou que se mostram oportunistas e comprometem o desenvolvimento do país. A única intolerância aceitável deve ser com a impunidade e a corrupção. E viva a democracia! Viva a liberdade de expressão, inclusive sexual! Abaixo os políticos profissionais!

Onde houver ódio, que eu leve o amor. Até porque toda forma de amar vale e pena!

Nenhum comentário:

Postar um comentário