terça-feira, 30 de abril de 2013

A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL EM PAUTA.


A Inversão de Valores dos Brasileiros.

A redução da maioridade penal entrou definitivamente em pauta. A Câmara dos Deputados criou uma comissão especial para propor mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente, aprovado em 1990, mais conhecido como ECA. A discussão em si, não é nova e sempre volta à tona quando a imprensa noticia o envolvimento de adolescentes em crimes hediondos. A população, comovida, sai às ruas exigindo providências. O governo, pressionado, se apressa em apresentar medidas de repressão. Contudo, esquecem sociedade e Estado, que o fenômeno da violência tem raízes mais profundas. A violência no Brasil é histórica. É uma construção social resultante da desigualdade social, da injustiça e da corrupção que impera no país há séculos. Assim, a reforma proposta não foge aos velhos ditames.

O problema está no Estatuto ou em sua efetivação? A responsabilidade pelo galopante aumento da violência Infanto-juvenil cabe aos “menores” ou ao Estado corrupto que tenta impetrar uma prática higienista? Que tal começarmos a refletir pela prática da sociedade brasileira? O ECA preconiza que indivíduos abaixo de 18 anos devem ser entendidos e reconhecidos como crianças e adolescentes - sujeitos em desenvolvimento, tanto físico como emocional. No entanto, vinte e três anos depois, as crianças e os/as adolescentes continuam sendo tratadas e identificadas como “Menor”. Pior ainda, termo menor foi transformado de certa forma, em identidade de um segmento específico desta população. Tem servido cotidianamente para referenciar apenas filhos de pobres, negros, que temoriza uma burguesia elitista. E o sentido empregado não é o de menor idade, mas sim, o de menos valia. Menos humano. E, logicamente, menos cidadania e direitos. O estigma menor tornou-se quase uma extensão de delinquência. Assim, negro pobre para o censo comum é sinônimo de menor infrator. Ou seja, crianças e adolescentes de alta periculosidade.

Mas quando a imprensa, ou órgãos do governo, registram a participação de adolescentes da classe média e média alta em crimes hediondos se recorre ao Estatuto para a classificação adequada e juridicamente legal. São adolescentes ou jovens em conflito com a lei, nunca “menores infratores”. Isso salienta em poucas palavras o quanto o recorte de classe social perpassa e influencia a justiça brasileira. Tenta-se dessa forma tapar o sol com a peneira. Ou seja, encobrir um erro com outro ainda maior. A impunidade não é exclusiva dos “menores delinquentes”, mas resultado de uma sociedade culturalmente atrofiada. Não é a menor idade penal que precisa ser revista, mas nossos próprios valores pessoais e sociais, que num processo de inversão perigosa privilegia o favorecimento, o apadrinhado e o corporativismo burguês.

Porque não se propõe, por exemplo, penas mais duras para os políticos corruptos? Porque não se penaliza devidamente os políticos, gestores, marqueteiros e toda a corja de delinquentes envolvidos no Escândalo do Mensalão? Porque para eles é garantido um “Acórdão” pelo qual se propõe a revisão das penas já estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal? Como pode dois políticos condenados, José Genoíno e João Paulo Cunha [ambos do PT] integrarem a Comissão de Constituição e Justiça? Se a sociedade se sentiu incomodada e ofendida com as declarações do deputado Marcos Feliciano, na Comissão de Direitos Humanos, porque continua inerte diante de tais estratégias, que visam somente deliberar em causa própria? O que vai acontecer com os políticos [Senadores: Wilde Morais, do DEM/GO e Edison Lobão Filho, do PMDB/MA; e os Deputados Inocêncio Oliveira, do PR/PE; Augusto Coutinho, do DEM/PE e Edmar Arruda, do PR] envolvidos no novo escândalo nacional, acusados de desviar verbas e de se enriquecer ilicitamente com as verbas públicas do Programa do Governo Federal Minha Casa Minha Vida [IstoÉ nº 2267, 2013)? Porque o parlamentar Demóstenes Torres, cassado pelo envolvimento com o Carlinhos Cachoeira, poderá ser agraciado pelo Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP com uma aposentadoria vitalícia no valor de R$ 24 mil reais? Quais as explicações do atual Ministro da Agricultura, Antônio Andrade, do PMDB, sobre a acusação de uso dinheiro ilegal na eleição municipal de 2012, quando respondia pelo diretório do partido em Minas Gerais? E quanto aos envolvidos no desvio da verba publica, calculada em R$ 9 bilhões anuais, destinada ao Combate a Seca [Istoé nº 2266, 2013]? Isso sem falar dos casos envolvendo magistrados, promotores, delegados, policiais e funcionários públicos com o tráfico de drogas.

A quem realmente interessa a redução da maioridade penal? Ao Estado, as famílias, a sociedade? Os defensores das reformas recorrem a dados estatísticos para salientar o estratosférico aumento da violência. Mas isso não é novidade para ninguém, muito menos para os corruptos. Nos últimos dez anos, por exemplo, o número de jovens infratores aumentou em 138%, destaca a jornalista Suzana Borin, em reportagem de capa na qual afirma que “está na hora do Brasil enfrentar de vez essa questão”. Alega que os adolescentes já votam para presidente da republica, podem até mudar de sexo, mas são tratados como crianças quando cometem crimes bárbaros (IstoÉ 2267, 2013). Mas, a que questão ela se refere? O que é um crime bárbaro? Atirar na cabeça de alguém indefeso? Atear fogo em alguém durante um assalto? Não desconsidero a gravidade dos fatos e muito menos prego a impunidade para os envolvidos. O que questiono é a classificação de dois pesos e duas medidas, adota. Será que negar acesso à educação, alimentação e saúde de qualidade não são crimes bárbaros? Desviar dinheiro público, que sai dos nossos bolsos, não é também hediondo? Ocupar cargos públicos por apadrinhamento não é tão letal a sociedade? Se utilizar do tráfico de influencia para enriquecimento ilícito não merece cadeia? Manter milhões de pessoas morrendo de sede e de fome não é caso de justiça?

Enquanto sociedade, o que queremos realmente com a redução da maioridade penal? Responsabilizar crianças e adolescentes pela nossa hipocrisia? Estabelecer um bode expiatório, que responderá por nossa ineficiência e irresponsabilidade enquanto seres [des]politizados? Relegar a morte milhões de sujeitos já condenados pela corrupção e insensatez institucionalizada no país? Ou estabelecer definitivamente um sistema político autoritário e irresponsável, mediocremente disfarçado de democrático? Não faz um mês que a ONU, em relatório oficial, diagnosticou nossa justiça como doente, nos classificando como o quarto país com maior contingente de presos. Não é de agora que se sabe que nosso sistema penitenciário não [res]socializa ninguém, muito menos humaniza ou garante as condições mínimas de dignidade a quem falhou perante a sociedade. Assim como não é novidade o fato de nossos presídios estarem superlotados e terem se transformado em espaços de torturas, corrupções e desrespeito aos direitos humanos. E é para esse mesmo sistema que mandaremos crianças e adolescentes? Alguém já visitou um Cotel, um Aníbal Bruno da vida? Como diz um grande amigo, no Brasil se trata criança e adolescente pobre como bicho e espera-se que pela obra do divino espírito santo se transformem em gente.

Como sabiamente disse ontem o José Wilker, no Programa do Jô Soares, “merdas cagadas não voltam ao cu”. A reforma necessária e urgente não é no Estatuto da Criança e do Adolescente, mas na mentalidade nacional, na nossa cultura de exclusão. Os “menores infratores” não são mais perigosos do que os donos do poder. Afinal de contas, os crimes são os mesmos e apresentam requintes de crueldades e de violência similares. Matar cidadãos a mingua, sucatear os hospitais públicos, desviar verbas da merenda escolar, trocar governabilidade por conchavos políticos é tão hediondo e nefasto quanto à violência Infanto-juvenil. Corrupção e violência andam juntas. São fenômenos que precisam ser enfrentados. Porém, de nada adianta aumentar o grau de punição se a sociedade não está pronta para assumir e refletir sobre seus erros, e a partir da aí, buscar novas soluções. Ninguém nasce homem, assim como ninguém nasce cidadão pronto, pleno em seus direitos e deveres. Somos resultados de uma cultura. E se suas criações estão impuras, imperfeitas, talvez seja a hora de propor uma mudança mais ampla, na base dessa própria cultura. Tratamento paliativo não cura doenças. É preciso especialização no assunto. É preciso contextualização dos fatos. Mas que isso, é fundamental o respeito e o compromisso com a gestão pública. Garantir direitos não é favor, é obrigação. Não é “oportunidade” com sentido de esmola, mas sim, efetivação de possibilidades para o desenvolvimento saudável.

Não se condena o outro quando somos também culpados pelo crime. Não é da redução da maioridade penal que a sociedade brasileira precisa, mas de vergonha na cara. De decência. De consciência política e de respeito pelo suor de nosso trabalho. Ainda plagiando o Wilker, é bom lembrar que o que o governo nos “oferece” é muito pouco em relação ao que nos toma mensalmente.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

A CARNE E A MENTE FRACA DE UM PASTOR EX-GAY


 
O Dilema de um Deputado.

Segundo o Deputado Estadual baiano, Pastor Sargento Isidoro, atualmente no PSB, “... quando se pretende botar homem com homem, mulher com mulher, isso é o extermínio da humanidade”. Como pastor afirma que recebe em seu centro de reabilitação para pessoas usuárias de drogas jovens e adolescentes “alegres” que precisam de cura. Repudia a determinação do Conselho Federal de Psicologia, que proíbe a atuação do profissional que embasa o atendimento em uma utópica e criminosa concepção sobre a recuperação da homossexualidade, alegando que vivemos em um Estado Democrático. Então se pergunta: de que democracia fala um deputado, representante do povo, eleito pelo voto direto, que em nome de uma doutrina religiosa agride parte da população? Se a democracia prega a livre expressão, inclusive sexual, em quais preceitos legais e jurídicos se respalda um servidor público que prega que os “africanos são descendentes amaldiçoados de Noé” e que “na região onde a pele é mais negra começou a maldição da viadagem”?

Talvez a pergunta mais sensata a ser feita, principalmente por eleitores conscientes, seja: o que é realmente um deputado? Um homem comum ou um indivíduo responsável e respeitoso, consciente de seu papel perante a sociedade? Um deputado pode falar por si, ou somente em nome do coletivo? Se o seu salário é pago com dinheiro do contribuinte, e aí se incluem todos os brasileiros, não deve satisfações à população? Como pode, na posição de servidor público, que está a serviço do povo, classificar cidadãos honestos como “viados e viadas doentes”? Como pode afirmar que a dependência química é resultado da safadeza e da desobediência às leis divinas? Como pode classificar uma raça como pecaminosa, subjugando-a em detrimento de outra?

Um indivíduo que se diz ex-gay, mas que teme a recaída não pode ser uma pessoa séria. Um deputado que se diz recuperado em sua homossexualidade, mas que afirma não poder “ficar junto de um homem por muito tempo porque a carne é fraca”, não pode ser um político honrado e respeitoso. Um pastor que prega a desigualdade, a discriminação e o preconceito entre raças não pode ser um representante de qualquer que seja a divindade anunciada. Um indivíduo alienado que ignora a ciência, a justiça, os direitos humanos e o amor ao próximo não pode ser representante de nada e de ninguém. Talvez, mais do que a bíblia, ele precise de terapia e de internação. Um deputado que se coloca publicamente enquanto religioso fervoroso e salvador dos “desgraçados pecadores” perante a sociedade cospe na Constituição, lei máxima, que inclusive estabelece e regulamenta seu fazer político.

Um ser que se autoflagela na repressão demasiada e cotidiana de seus desejos é apenas um homem em crise. Um doente. Um político insensato e irresponsável que tenta se promover através de um discurso folclórico [no mais pejorativo sentido que caiba a palavra] é apenas um falsário, e nunca um ideólogo. Não cumpre com seu papel social. Não cumpre com seu papel político. Um homem que lida mal com sua própria essência e existência, não sabe lidar com o outro. Não está apto ao exercício cidadão, religioso, e muito menos político. Torna-se uma farsa. E de farsas, já nos bastam os [IN]Felicianos e [MALA]faias da vida! Para quem se diz ex-gay, ex-drogado, ex-bandido, ex-soroposito, ex-militar, talvez o caminho da salvação seja se tornar também ex-deputado! Que assim se faça a vontade de Deus e dos homens nas próximas eleições. Para que somente assim, todos os Orixás, Tupans, profetas, santos, anjos, ETs e querubins possam dizer Amém!

terça-feira, 16 de abril de 2013

HISTÓRIAS QUE ASSUSTAM A ONU...


... MAS INFELIZMENTE NÃO ASSUSTAM MAIS VOCÊ!

Nesta semana a Revista IstoÉ publicou a reportagem “Histórias que Assustam a ONU”, de Nathalia Ziemkiewicz, revelando que no Brasil, 40% da população carcerária é de presos provisórios. Considerando que no ano de 2012 nossa população carcerária atingiu o expressivo contingente de 249.577 presos, isso significa que mais de 96.201 pessoas ainda aguardam julgamento. Ou seja, é quase um milhão de cidadãos que permanecem atrás das grades mesmo sem ter recebido julgamento justo ou declarados culpados por seus supostos crimes. Vale salientar que em 1990 a população carcerária brasileira era de 90.000 presos, o que revela que em um curto período de 22 anos conseguimos aumentar tal quantitativo seis vezes mais. Os mais alienados de carteirinha podem até pensar em eficiência do sistema, afinal de contas isso significaria menos delinquentes nas ruas. Prende-se mais, isto é fato. Porém, regenera-se pouco, e disso ninguém duvida. É sempre bom lembrar que o sistema prisional representa nada mais, nada menos, que a cultura de um povo. Em um país onde as desigualdades sociais atingem patamares inimagináveis, não seria de estranhar que a justiça cometesse tantos equívocos, adotando dois pesos e duas medidas. Bom seria recordar também que o sistema judiciário tem como objetivos a recuperação e reintegração social dessas pessoas e não exclusivamente a punição. Para o diretor da ONG Conectas, Marcos Fuchs, “não à toa, a taxa de reincidência gira em torno de 80%. Depois da barbárie na cadeia, o preso sai e desconta sua raiva na sociedade”. Em consonância, defensor público do Estado de São Paulo, Bruno Shimizu destaca que no Brasil, o que se vê na prática “é uma tortura institucionalizada: falta água para o banho e descarga, acesso a medicamentos e itens de higiene, os presos fazem rodízio porque nem no chão há espaço para dormir” (IstoÉ nº 2265, 2013).

O recente relatório da ONU destaca que o Brasil encontra-se na quarta colocação do ranking mundial em relação ao número de presos. Revela também o uso excessivo e arbitrário da privação de liberdade. São as chamadas detenções ilegais. Assim, o que se vê na verdade é o exercício de uma lei que “Puni Antes de Averiguar”, desconsiderando, inclusive, os direitos constitucionais. Sabe-se que por lei a prisão temporária não pode ultrapassar 120 dias, prazo máximo para que um processo possa ser julgado. Contudo, um acusado de furto comum leva até seis meses, em média, para ser escutado por um juiz pela primeira vez. Se prisão fosse a melhor saída teríamos eliminado a violência nacional. Porém, a verdade é que de 1990 a 2010, ou seja, em duas décadas, os homicídios no país aumentaram em 63%, segundo informações do próprio Ministério da Saúde. Segundo o perito Roberto Garretón, em um país onde a maioria dos presos é pobre, é extremamente preocupante que não haja assistência jurídica suficiente disponível para aqueles que precisam. Neste âmbito, o Estado torna-se o principal violador de direitos, negando o direito à defesa.

Neste sentido, a reportagem trás a triste experiência vivida pelo ajudante de pedreiro Heberson Oliveira, que em 2003 foi acusado erroneamente de estuprar uma criança de nove anos. Embora a descrição física do suspeito não correspondesse a sua, o mesmo aguardou por mais de três anos até conseguir provar sua inocência. Durante o período na cadeia “o rapaz sem antecedentes criminais assistiu a rebeliões, entrou em depressão, foi abusado sexualmente e contraiu o vírus HIV”. Diante do equívoco o juiz da cidade de Manaus se limitou a pedir desculpas em nome do Estado, concedendo-lhe a liberdade. Sete anos após o ocorrido Heberson Oliveira não consegue emprego e vive em situação de rua consumindo drogas. Alega que nunca recorreu contra o Estado porque perdeu a esperança na justiça: “Eu morri quando me fizeram pagar pelo que não fiz. Todos os dias, tento esquecer o que vivi. Toda vez que me tratam como bicho penso que não sabem o que vivi”.

Como diz o velho ditado popular, “raspadura é doce, mas não é mole não”. Só quem sabe o que é injustiça é quem sente na pele. Como afirma a ONU, o sistema judiciário brasileiro está doente e desperta graves preocupações. E isto é reflexo direto de uma população também doente que se mantém alienadamente inerte diante dos descasos e arbitrariedades dos “homens da lei”. Reflexo de um sistema político respaldado nas desigualdades sociais, onde filho de pobre é classificado como “menor”, enquanto que os da classe burguesa são corretamente identificados como “crianças e adolescentes”; onde pobre e negro apanha primeiro da polícia, para só depois se reconhecido como cidadão de bem, e onde precisam garantir o direito a educação de “qualidade” através de cotas; onde delegado só é preso depois de atirar na cabeça de uma adolescente com quem mantinha uma relação amorosa; onde mensaleiros e políticos bandidos permanecem impunes; onde um sujeito como Antônio Andrade comete crime eleitoral e continua como Ministro da Fazenda; onde um pastor homofóbico e racista como Marcos Feliciano assume a Comissão de Direitos Humanos; onde shows são superfaturados para enriquecer prefeitos e assessores imorais; e onde principalmente, a população manipulada sai às ruas pedindo a redução da maioridade penal como solução para o fenômeno da violência.

Para um país que tem um sistema prisional que se apresenta como fábrica de marginais, passar a deter adolescentes é com certeza uma excelente alternativa para aprimorar o requinte de violência para os crimes que virão à frente. Quem sabe assim não atingimos o primeiro lugar em número de presos? Violência se combate com luta pela igualdade de direitos. Com exercício pleno da igualdade de justiça. E neste sentido, é bom lembrar que a justiça só é cega quando a população fecha os olhos as arbitrariedades e desmandos, quando não pune ou exige punição aos criminosos esclarecidos e bem informados. Mas se isso dá muito trabalho, inclusive por implicar em abrir mão de regalias e oportunismos, se limitem a gradear portas e janelas garantindo suas próprias privações de liberdade. Só não se esqueçam de rezar, mas rezar muito, para que um dia não tornem vítimas dos erros dos operadores do direito, porque assim terão que pagar pelos próprios equívocos e omissões.

Boas reflexões para quem não mais se assusta com o que assombra os organismos nacionais e internacionais que lutam pela igualdade e garantia de direitos!

sábado, 13 de abril de 2013


SONHOS EM UMA NOITE DE VERÃO?

A noite estava quente! Era sexta-feira e o calor parecia fritar os miolos. Da janela via o vai e vem das ruas. A Boa Vista estava em ebulição, como acontece em todos os finais de semana. A algazarra sob o luar prateado é um convite que não se desconsidera. Sair para a rua e resolvi comprar cigarros. Próximo à parada de ônibus existe uma já tradicional praça de alimentação popular que se revela como ponto de encontro. São centenas de pessoas vindas dos subúrbios ou municípios circunvizinhos. Uma em especial prendeu minha atenção: Um rapaz alto, magro e de cabelos louros e espetados. Beirando os vinte anos, se muito, se movimentava como uma verdadeira gazela. As pernas longas pareciam presas a uma calça, que mais se assemelhava a uma camisa-de-força. Uma pequena camiseta top parecia lhe ter sido enfiada de cabeça a baixo, ou melhor, a meio-baixo, uma vez que só lhe cobria o peitoral torneado em academia. Entre as duas peças da indumentária, revelava-se uma barriga ultra-hiper-super batida, no melhor estilo tanquinho enxuto. Em pouco tempo, a silhueta do garoto se tornou o principal motivo das conversas e também da inveja de tantos e tantas que se encontravam no local. Quase totalmente indiferente aos olhares o mega-fashion ser faz seu pedido a uma das atendentes de um dos quiosques: “Por favor, eu quero um Hot-dooog extremamente caprichado! Mas tem que ser um Hot-doooog com letra maiúscula, tá meu bem?” Sua voz anasalada torna-se motivos de comentários e risos, concentrando novas atenções. A praça era dele! Não havia o que discutir!

Minutos depois, deslizando os sapatinhos azuis coral entre latas e lixos espalhados, definiu seu alvo de pouso. Um pequeno banco de plástico amarelo, exatamente instalado no centro, em meio a vários outros já ocupados. Os olhares lhe mediam cada movimento, que se revelavam milimetricamente calculados. Diante do banco, ou melhor, do pequeno palco pareceu avaliar a próxima performance. Um giro de quase trezentos e sessenta graus para direita, um rodopiar de cabeça e um requebrar de quadris lhe garantiram uma aterrisagem perfeita. Os lábios perfeitamente torneados com gloss se inflaram, formando beicinho, ao perceber uma indesejável passa sobre um dos sapatinhos encantados. Uma flexão inimaginável aproximou seu pezinho esquerdo do rosto. Um grunhido monossilábico sintetizou todo o seu incomodo: -  “Hummm!” Ainda com a perna erguida, recolheu o objeto indesejado com dois dedos magros que mais pareciam pinças cirúrgicas. Uma ultima olhada de desprezo antes de arremessá-lo para longe. Um novo grunhido, que mais pareceu um espasmo, conferiu à cena a sonoplastia necessária: “Ploft!” A pesar da distancia em que me encontrava, posso jurar que vi a pequena passa se espatifar no asfalto. Um risinho no canto de boca surgiu como um delicado pedido de desculpas diante de tamanha travessura. Diante dos olhares abismados, seus ombros se elevaram ao som de um suave sussurro de desprezo: “Ahhhh!” Pobre passa! Provavelmente pisoteada em plena avenida não menos quente que a noite.

Refeito do susto, o garoto em novo movimento acrobático enlaçou as longas pernas uma na outra. O tórax foi movimentado para frente e novamente as pinças cirúrgicas entraram em ação. Delicadamente forrou um guardanapo de papel sobre uma das pernas e lentamente começou a desembrulhar o tão desejado hot-dooog. Os movimentos se assemelhavam ao descascar de uma banana. Mas não se iludam. Se assim o fosse, aquela não seria uma mera banana. Mas, seria simplesmente a banana! Era realmente uma cena imperdível. Não sei quem delirava mais, se ele, o garoto fashon week, ou o público, que não conseguia desviar os olhares. Estava quase tudo pronto. Porém, o fabuloso hot-dog deixava a mostra uma pequena ponta da salsicha que o recheava. A situação era esdrúxula demais! O público parecia salivar. Havia um silencio incômodo. Havia um problema gerando certo suspense no ar. Todos esperavam e ansiavam pelo grande desfecho. Mas o garoto, como todo experiente ator, sabe o momento exato de coroar a plateia com uma interpretação impecável. Lentamente aproximou a boca do sanduiche fazendo com que involuntariamente todos o acompanhassem no ato. Uma pausa de efeito provocou frustrações. Mas ele, dono da situação, de forma quase despretensiosa, arqueou as sobrancelhas como se avaliando o público. Certificado das atenções aproximou mais uma vez a boca do cachorro quente e maliciosamente lambeu a ponta da salsicha. Pela ponta da língua uma pequena porção de molho foi absorvida e degustada com vontade. Sua língua umedecida explorou cada milímetro dos lábios. Mais um gemido foi ouvido, revelando sua mais plena expressão de prazer: HHumm!!!  Era o gozo total!

Daquele momento em diante, a mistura do erotismo com a sacanagem e putaria já despertara as libidos alheias. Aquilo não era mais um Hot-Dooog com letras maiúsculas. Era sim, um grande falo a ser devorado por uma boca ávida por sexo. Era uma cena clássica de filmes pornográficos despertando as tesões. O garoto agora assumia ares de uma “Lolita” andrógena. De uma experiente putona manipulando o rígido mastro de seu cliente. Alguém ao fundo chegou mesmo a aplaudir a cena, enquanto outro acenava sua aprovação com gritinhos histéricos: “Absurda! Absurda!”. Se houvessem cortinas, com certeza aquele seria “el gran final”. Mas o protagonista sabia conduzir o espetáculo e por isso prendeu a atenção do público, que parecia crescer a cada nova investida sobre a saborosa especiaria da gastronomia popular. As estocadas no fálico Hot-Dog se sucediam uma após outra, de formas diferentes e sedutoras. Ninguém comia tão sacanamente um simples pão com salsicha com tamanha destreza. O garoto era extremamente sacana, sem duvida alguma. Sua fome não era de comida, mas de sedução. Ele queria e sabia despertar desejos, mexer com o imaginário reprimido e repressor, romper com o senso comum dos hipócritas. Queria, e soube roubar a cena. Se fazer notar.

Depois de ingerir a ultima porção, pegou o refrigerante e estalou o gatilho acompanhando sonoramente o barulhinho comum provocado pelo escapamento do gás: “Shiiiiii!” Com as pinças cirúrgicas em ação mais uma vez, levou o canudinho à boca, não sem antes fazer insinuações maliciosas. Era como se estivesse fotografando para uma revista famosa. Cada gole era um flash! Ao final da seção de fotos, suavemente recolheu o guardanapo, e dobrando-o em forma triangular levou a boca. O papel tocava suavemente os lábios que pareciam beijá-lo. De bolso da calça sacou o gloss, e com ele, suavemente umedeceu a boca. Depois, elevou os braços acima da cabeça. Era novamente a gazela, que agora se espreguiçava de forma lenta e manhosa. Levantou-se do banco, ajustou a calça-camisa-de-força e esticou a blusa que parecia lhe formar uma segunda pele. Olhou-se da cabeça aos pés e vez menção de sair. Deu dois passos a frente, mas parou abruptamente. Observou ao redor e novamente constatou a manutenção das atenções. Novo giro de trezentos e sessenta graus lhe vez voltar ao banco-palco. Sorrateiramente pegou a embalagem plástica do cachorro quente e lhe deu sucessivos nós. Jogou a lata do refrigerante no lixeiro, ao mesmo tempo em que simulou nova sonoplastia: “Plaft!” Era sua marca! Encarou o público e disse com um sorriso zombeteiro: “Cesta!” Deu novos passos e mais uma vez paralisou o corpo, e também os olhares. A plateia parecia esperar por algo mais. Ansiavam por uma saída apoteótica. O garoto, no entanto, sem olhar para trás, arremessou o saquinho amarrado como um buquê de noiva. O objeto sobrevoou sua cabeça e foi parar aos pés do público, causando gritinhos de sustos. Alguém lhe gritou: “Bicha péssima!” Só então o garoto se voltou para trás e exclamou com ar de grande diva: “Cesta! Sexta-feira, querida!”

Aproximou-se de um taxi e quase debruçado sobre o capuz perguntou: “Me leva até o MKaBaço? Please?” O motorista tentou, mas não conseguiu segurar o riso e com a cabeça fez sinal positivo. O garoto em passinhos rápidos entrou no automóvel, sentou-se juntando as pernas e travou a porta. Da gola da blusa retirou um grande óculos escuro de armação branca e ajustou no rosto. O motorista ligou o motor e começou a fazer a manobra. Era o grandioso momento! Com os dedos magros, a diva abaixou os óculos, olhou a praça e mandou beijos ao público. Magistralmente levantou o vidro enquanto seu rosto sumia lentamente atrás do  fumê. O carro saiu acompanhado por aplausos e fim! Ou mais apropriado as grandes divas: “The End!”.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

RECIFE CONTRA O PASTOR INFELIZCIANO


 
 
VAMOS PRÁ RUA!

Dizem que andorinha só não faz verão. Eis uma das maiores sabedorias populares. Ativista fajuto que fica em casa não tem representatividade e por isso não faz história, muito menos mudança. Não se nega o valor das redes sociais enquanto instrumento de mobilização social, mas movimento de luta ainda se faz nas ruas. Talvez a internet tenha transformado os novos rebeldes em sujeitos preguiçosos e inconsequentes politicamente, e isto é um grande risco. Até porque assinar meia dúzia de abaixo-assinado ou desagravos não basta. Expressar seu repudio aproveitando carona nas postagens alheias não representa força de decisão, de opinião ou ideologia. Não é apenas curtindo ou compartilhando mensagens e/ou informações que nos tornamos cidadãos políticos e conscientes. É preciso mostrar a cara. É assim que se ganha batalhas. Sempre foi assim que as sociedades derrubaram regimes e líderes ditadores. O grito de guerra ainda é a melhor ferramenta de luta.

Não posso deixar de registrar a decepcionante “Marcha do Bota Fora Feliciano”, realizada em Recife, neste ultimo dia 06.04. Era 14:30 e meia dúzia de gatos pingados e desorganizados se concentrava na Praça da República. Uma bicicleta sonorizada anunciava a magnitude do movimento. Era a força e a disposição do recifense, que parece ter esquecido a tradição de lutas. Os discursos minguados não contagiaram e a marcha mais parecia um passeio pelas ruas da cidade. Uma pequena turnê em uma linda tarde de final de semana. Algumas faixas com frases de efeito, algumas pessoas com nariz de palhaços e outros poucos com cartazes nas mãos. E só. Era só isso. O megafone utilizado para conduzir os poucos representantes se mostrava tão impotente quanto os organizadores do manifesto. Havia mesmo certa apatia, evidenciando um desconforto diante da insignificância da ação. Um pequeno grupo que parecia envergonhado em sair gritando contra o mal feitor tirano que ameaça a democracia conquistada nas ruas.

A [i]mobilização era tanta que nem havia acordo quanto ao trajeto. Pela Av. Dantas Barreto o grupo pegou a rua por trás dos Correios, evitando a Av. Guararapes, grande palco das reinvindicações populares. A marcha parecia não querer incomodar. Mas incomodar a quem, se a cidade parecia vazia. Primeira evidencia da desorganização. Um pequeno grupo, entre os pobres minguados, resolveu mudar o percurso e só assim chegamos ao seu cruzamento com a Rua do Sol. Por incrível que pareça, diante do sinal fechado, a marcha parou. Novos protestos, e finalmente se conseguiu congestionar o trânsito na Ponte Duarte Coelho. No cruzamento com a Rua da Aurora, novas discordâncias. Não havia consenso entre seguir pela Av. Conde da Boa Vista ou se encaminhar direto para o monumento Tortura Nunca Mais. Parecia haver pressa em terminar o morgado passeio.

Depois de certa indecisão, os minguados revoltosos abafaram mais uma vez o impotente megafone. Apesar de pequena a marcha se vez notar na avenida, principalmente ao paralisar o trânsito no tradicional cruzamento com a Rua do Hospício. Alguns ônibus tentaram furar o cerco, mas logo foram impedidos pelos manifestantes mais experientes e dispostos que se postaram na frente fazendo barreiras. As faixas foram armadas no chão e uma grande roda humana mobilizou a cidade por alguns minutos. No entanto, pareceu que existia grande preocupação por parte da organização em respeitar o horário e o percurso original. Seria aquela, uma marcha negociada com os governos? Algo do tipo: podem sair às ruas, mas sem baderna? O fato é que em poucos minutos a caminhada seguiu pela mesma avenida, rumo a Rua da Aurora, onde se não fosse novamente o pequeno grupo do contra, passaria despercebida. Nova paralização, e talvez esse tenha sido o momento alto da ação. Nova roda humana foi feita, congestionando o transito calmo dos finais de semana. Uma criança em situação de rua aproveitou o momento e deitou-se na faixa de protesto. Com um tubo de cola nas mãos, pareceu o mais consciente de todos.  Em sua inocência se mostrou tão alheio à situação, quanto às autoridades governamentais tem se mostrado em relação ao protesto da população. Por fim, os minguados rebeldes, em gritos miúdos seguiram pela Rua da Aurora e findaram num protesto mixuruca diante do grande monumento contra a ditadura. Que pena!
 

quinta-feira, 4 de abril de 2013

JOELMA DO CALYPSO - O FURACÃO DA IGNORANCIA


CANTORAS NA MÍDIA GAY!

Que a mídia é um canal de alta exposição ninguém duvida. Que as pessoas tem o direito a expor suas opiniões e convicções pessoais sobre determinados assuntos e temáticas, menos ainda. Contudo, no período do “politicamente correto”, movimento social que tem como objetivo contribuir para a mudança comportamental de uma sociedade machista e desrespeitosa para com as diferenças, torna-se necessário pensar duas vezes antes de abrir a boca. Manda a regra que quando não se sabe o falar, é melhor calar. Já diz um ditado popular que, “em boca fechada não entra mosquito”. Assim, se tem menos chances de engasgar. Sempre digo que quando assumimos um determinado lugar, assumimos com ele as responsabilidades e implicações inerentes. Quando lidamos com o grande público, por exemplo, somos de certa forma, alçados ao lugar de formadores de opinião. Logo, o que falamos ou que fazemos podem assumir dimensões mais amplas. Se antigamente falávamos para um pequeno grupo, hoje falamos para o mundo. Vivemos na era da aldeia global. Neste sentido, a internet se apresenta como principal ferramenta de comunicação em massa. Uma frase mal feita, um gesto impensado, uma brincadeira de mau gosto ou uma piada despretensiosa, em segundos podem causar reações em cadeias, que se multiplica em uma velocidade incalculável.

Esta semana ganharam as redes sociais duas famosas cantoras brasileiras, indiretamente ligadas por uma mesma temática ou causa – a homossexualidade. Em posições e com posicionamentos antagônicos cada uma conseguiu despertar na população em geral, animosidades e iras. De um lado, a Rainha do Brega, a esfuziante Joelma da Banda Calypso, que em entrevista a Revista Época comparou equivocadamente a homossexualidade a dependência de drogas; do outro, a [ex]Rainha do Axé Music, Daniela Mercury, que assumiu publicamente sua orientação sexual homossexual. No descompasso da canção popular, cada uma a seu modo atraiu a mídia e promoveu debates. Na contabilização do ibope, a primeira levou a pior. Acusada de homofóbica, tentou reparar os estragos e a raiva de seus fãs alegando mal entendido com a imprensa. Tarde demais! As mesmas redes sociais utilizadas para sua projeção, agora contribuem para sua resignação diante de uma plateia ofendida. Como diria um grande amigo - Cada cá é cada cá e destino é coisa de cada um. Talvez não tenham informado a dançarina e figurinista, que também é vocalista brega que dependência química é uma coisa, orientação sexual é outra. As duas não se correlacionam. Assim, a cantora desafinou ao alegar conhecer várias mães que sofrem ao descobrir a homossexualidade dos filhos, ou ainda, ao afirmar conhecer várias pessoas em conflito com a descoberta da própria identidade sexual. Rotular uma expressão natural da sexualidade humana enquanto transtorno vai além da inocência ou desconhecimento de causa. É no mínimo acintoso para alguém que se comporta como traveca e vive do público gay.

Mas como diz meu amigo, Cada Cá é Cada Cá! E nesse sentido, ou bem se canta ou bem se diagnostica. O que especificamente no caso da nova Mega-Star Gospel, nem uma coisa e nem outra parece se aplicar. Seu canto se tornou ainda mais estridente, incomodando ouvidos, quando declarou que mesmo não tendo nenhum tipo de preconceito, se descobrisse que seu filho era homossexual lutaria até o fim da vida para convertê-lo. O problema maior é saber em que. Talvez um ser realmente patológico devido a pressão religiosa de uma mãe arbitrária, retrógrada e inconsequente. Meu grande alívio é saber que a mesma é apenas uma pretensa cantora. Com tantas habilidades e [in]competências (produtora, estilista, coreógrafa e dançarina) dá medo imaginar que em sua loucura poderia se transformar em psicóloga ou conselheira religiosa. Até porque, em uma sociedade onde existe um Silas Malafaia equivocado, inescrupuloso e oportunista, ninguém precisa de uma Joelma preconceituosa e desinformada.

Talvez a Daniela Mercury, agora símbolo gay nacional, pudesse aproveitar seu retorno e sucesso midiático para esclarecer a nobre colega de profissão uma básica diferença entre “opção sexual” e “orientação sexual”. Bem no estilo Cada cá é cada dá, poderia lhe informar que uma coisa é poder escolher entre um figurino de gosto menos duvidoso que outro; outra coisa bem diferente é descobrir para onde se encontra direcionado seu desejo sexual. Uma coisa é poder decidir entre ficar de boca calada e falar besteiras; outra bem diferente é se descobrir apaixonado/a por uma pessoa do mesmo sexo, do sexo oposto, ou pelos dois. No seu caso específico, talvez a melhor estratégia fosse realmente incentivá-la a continuar rezando. Quem sabe assim, o mesmo deus que a salvou de uma estafa, há quatro anos quando optou em se converteu, também não a salva da ignorância, e por tabela dos prejuízos financeiros? Sábios mesmo foram os patrocinadores do ameaçado investimento cinematográfico – Calypso: O Filme, que revoaram em bando, orientados pelo desejo popular. Afinal de contas, quem fala o que quer, ouve o que não quer. E que fala do que não sabe, não mancha apenas a própria imagem, mas também a de quem se vincula. Para quem tem no público uma grande parcela de homossexuais, chamar tais pessoas de doentes é atirar no próprio pé. E só quem se equilibra em um pé só é Saci Pererê, que pertence ao mundo do encantado, do fantástico. No mundo real não existe mais espaço para as falsas lendas que só pregam intolerâncias através de pronunciamentos impensados e descabidos que se respaldam na ignorância e em doutrinas religiosas alienadas.

No mundo utópico do fanatismo e das sandices calypsianas não se espantem se em pouco tempo anunciarem um apoteótico show gospel onde a equivocada cantora fará um belo dueto com o Marcos Feliciano. No mundo das fantasias em que vive com certeza nada é impossível. Afinal de contas, os semelhantes se atraem, assim como os oportunismos. BANDA Calypso!!!

segunda-feira, 1 de abril de 2013

ONDE O PAPA FRANCISCO I E O PASTOR MARCOS FELICIANO SE ENCONTRAM?

GRANDE EMBATE RELIGIOSO OU POLÍTICO?

Acordamos hoje com a feliz notícia da renuncia obrigatória do Pastor Marcos Feliciano, que estava erroneamente à frente da Comissão de Direitos Humanos. O fato põe fim a maior “aberração política” dos últimos anos. Finalmente o país revelou decência ao reconhecer o direito e a força da população, que não foi consultada em relação à nomeação de um religioso retrógrado para presidir uma comissão que representa a luta pelos direitos das minorias, vitimas constantes de violência. Assim, o país volta a ser Laico e a Constituição Federal devidamente respeitada. Em tempos de democracia, onde a igualdade de direitos e o respeito à diversidade tornam-se base para a convivência harmoniosa e salutar entre os homens, permitir a posse e a permanência de um cidadão desrespeitoso, que se revela racista, homofóbico, e ainda por cima é acusado de estelionato, seria no mínimo contraditório. A grande lástima, no entanto, é saber que toda essa celeuma possa lhe servir como fator de projeção para as próximas eleições. Um homem que vive da venda da fé, que em nome de Deus engana pessoas e que tira proveito próprio da alienação de uma massa não esclarecida, deveria, na verdade, estar atrás das grades e não em templos religiosos, e muito menos em cargos políticos. Isso evitaria que pudesse ludibriar as pessoas, com seus farsantes discursos demagogos, bem como o impediria de pagar funcionários de suas empresas com dinheiro público, como já constatado pelas investigações.

Também foi publicada pela imprensa que hoje o atual Papa Francisco I, pedirá desculpas a população sobre suas polêmicas declarações de que “as famílias homoafetivas nada mais são do que um plano do diabo para acabar com a humanidade”, e que “as mulheres são inferiores aos homens, e por isso, propensas ao pecado”, logo principais responsáveis pelos grandes males da humanidade. Considerando as devidas proporções, as reportagens sugerem uma maior reflexão das populações sobre os malefícios das instituições religiosas, que na maioria das vezes, através de seus líderes máximos tendem a negar as verdadeiras doutrinas cristãs relativas ao amor, direitos e respeito de igualdade entre os homens. Espera-se que imediatamente após o pedido de desculpas o pretenso e marqueteiro substituto de São Francisco de Assis, declare que a milenar Igreja Católica se adequará as novas demandas das sociedades, revendo sua posição autoritária e centralizadora respaldada pelo sistema patriarcal no qual se constituiu. A iniciativa, mas que esperada ao longo dos séculos, contribuirá diretamente para o reestabelecimento das relações de igualdade entre homens e mulheres. Alguns especialistas acreditam que o momento será de grande comoção, uma vez que o “santo homem” deverá beijar os pés de todas as crianças e adolescentes vitimas dos abusos sexuais cometidos por padres e representantes da instituição. Como forma de reparação imediata e justiça, anunciará ainda a expulsão e condenação legal de todos os seus pedófilos abusadores, bem como o financiamento de todos os tratamentos clínicos e psicológicos, bem como pagamento de indenizações as vítimas.

Finalmente também foi anunciado o 1º de Abril, Dia da Mentira. E neste ponto é sempre bom lembrar que nem tudo o que não é verdade precisa permanecer como tal. Nós humanos temos como principal capacidade a racionalização, o que nos permite construir nossas próprias verdades e mentiras de acordo com nossos interesses e objetivos. Como disse Karl Marx, “a religião é o ópio do homem”. Em consonância, diria que a alienação religiosa é o grande problema das sociedades modernas. E tudo que nos embaça a visão, ou cerceia nossa capacidade crítica é perigoso e prejudicial. O primeiro passo sempre nos leva ao longe. Assim, o próximo sábado, dia 06.04.2013, apresenta-se como um excelente ponto de partida para as mudanças necessárias. Participe do Movimento Bota Fora Marcos Feliciano, com concentração marcada na Praça da República, as 14:00, e não permita que essa grande e maléfica mentira se estenda pelos demais 365 dias do ano.